ZONAS PROIBIDAS

Amassos no corredor do cinema, no elevador, na porta do apartamento, tava indo tudo bem. No quarto, a gente finalmente se desgrudou, cada um num canto, tirando a roupa. Aí, tudo mudou.

Percebi que ele não tava se movendo, não haviam mais abraços. E quando eu fui dar um beijo nele:

- Eu... eu não beijo.

Certo.

1998, estava frio e eu com muito tesão. E tinha muita gente no segundo armário, gays que não se assumem gays na frente de outros gays. Mas a primeira coisa que passou pela minha cabeça foi ... Julia Roberts.

Como prostituta (no filme, no filme), ela não beija o Richard Gere. Então tá, o cara não quer compromisso, não quer se apaixonar, nada de beijo, certo, Julia Roberts.

Segurei a cabeça dele com as duas mãos:

- Eu, eu não chupo.

A teoria da Julia já era. Ok, se ele não curte, tudo bem.

Mas as minhas mãos eram as únicas que estavam se movendo. Nova teoria, noiva do Frankenstein antes do raio. Ou. Ele perdeu a vontade.

É melhor perguntar:

- Você não tá mais a fim?

- Não, eu estou, claro que estou.

E virou de costas. Aquilo acabou sendo sexo passivo com ênfase no passivo, eu tinha que fazer tudo.

E no final ele perguntou se a gente se veria no próximo fim de semana. HAHAHA (risada histérica mental):

- Olha... eu acho que você não curtiu muito não.

Aí ele me explicou que tinha um namorado. Tocar em mim, por cima da roupa, tá tudo bem. Tocar no meu corpo nu, seria traição.

- Tá ... (maluco) a gente pode se ver de novo (mentira) qualquer dia (nunca mais).

Em 1999 eu fui pra cama com dois namorados. Seria bem mais tranquilo, ambos queriam fazer aquilo, não contaria como traição. Quando eu estava no meio dos dois, beijei o primeiro na boca e o segundo agarrou minha cabeça e me fez olhar para trás:

- Nada de beijos, ele disse.