- Eu n-n-não sabia que você t-t-trabalhava nessa vídeo locadora (garoto tímido).
- E eu não sabia que você gostava desse tipo de filme (pornô gay, eu deixava qualquer um alugar, só pra ... bem ...). Rodei a fita pelos dedos. - Eu também curto.
Primeiro, ele ficou surpreso, depois, aliviado. Aí ele disse:
- Ah, se eu soubesse disso. A gente estudou junto no ano passado e eu nunca ...
- Eu tava namorando alguém na época, então ...
- Certo. Agora você tá dispon...
- Se for pra ver o filme com você, eu topo (muito cedo, coração ainda partido)
- Tem um lugar onde a gente pode ir.
A vovó estava viajando, mas ele tinha a chave da casa.
- Vai ficar tudo bem se a gente não mexer em nada. Ela notaria uma almofada fora do lugar.
Beleza. E ninguém vai sentir a minha falta em casa esta noite, a novela Renascer deixava as ruas vazias, era um sossego ...
A casa da vovó tava na escuridão, os móveis pareciam ter cem anos, parecia assombrada também. Eu gostei, adorava filmes de terror. Era famoso na escola por ter visto "O exorcista" quando criança e sobrevivido para contar a história. Filmes de terror não me afetavam mais.
- Vamos fazer aqui no chão. Ele disse.
No chão? Colé Alessandro? Você merece coisa melhor, chuta esse cara e vamos embora.
Calaboca, cérebro. Estou excitado. Me mata de arrependimentos quando eu voltar pra casa.
E foi aí que eu vi o Bambi. Um cervo do Pantanal empalhado, com nariz de plástico e olhos de vidro. Eu nunca tinha visto um bicho empalhado antes. Era assustador, parecia que iria se mexer a qualquer momento.
Eu não conseguia tirar os olhos daquela coisa.
- Vamos pra outro lugar, eu não gosto desse bicho parado aí olhando.
- Ele está morto.
Essa frase teve o efeito contrário em mim, ficou pior.
Me levantei e apontei pra baixo.
- Olha só, isso (meu pênis) não vai conseguir subir hoje. Se você acender uma luz pelo menos ...
- Não dá, os vizinhos da minha vó vão notar que tem alguém dentro da casa.
- Então vamos pro chão do quarto.
Ele topou. Eu não queria deixar nada para trás e me abaixei para pegar minhas roupas. Senti algo bater na minha bunda. Era o nariz do Bambi. Eu devo ter dado uns passos para trás, ou, ele deu uns passos para frente. Aquilo acabou com a minha imunidade, eu comecei a ver sombras suspeitas em todo canto.
O quarto também era de dar medo. Eu podia ver a Linda Blair na cama girando a cabeça. Pelo menos havia um tapete fofo no chão. Quando consegui desviar o olhar da horrível escuridão embaixo da cama, percebi que algo estava errado. Algo não estava acontecendo.
- Sabe o que é? Eu não costumo ser ativo - ele disse.
Isso quer dizer que não vai rolar nada? Isso quer dizer que posso sair dessa casa nesse momento? Fingi estar bravo. Mas estava feliz. Eu ainda tinha que voltar andando até a minha casa. Ruas escuras e desertas (maldita novela), não tremia de medo há anos.
E, anos depois, eu acabaria rindo muito com as regras do filme "Pânico". Nunca faça sexo, eles dizem. Eu não fiz. Eu sou a criança que sobreviveu. Mas posso ter esquecido um tazo na casa da vovó.
- Vai ficar tudo bem se a gente não mexer em nada. Ela notaria uma almofada fora do lugar.
Beleza. E ninguém vai sentir a minha falta em casa esta noite, a novela Renascer deixava as ruas vazias, era um sossego ...
A casa da vovó tava na escuridão, os móveis pareciam ter cem anos, parecia assombrada também. Eu gostei, adorava filmes de terror. Era famoso na escola por ter visto "O exorcista" quando criança e sobrevivido para contar a história. Filmes de terror não me afetavam mais.
- Vamos fazer aqui no chão. Ele disse.
No chão? Colé Alessandro? Você merece coisa melhor, chuta esse cara e vamos embora.
Calaboca, cérebro. Estou excitado. Me mata de arrependimentos quando eu voltar pra casa.
E foi aí que eu vi o Bambi. Um cervo do Pantanal empalhado, com nariz de plástico e olhos de vidro. Eu nunca tinha visto um bicho empalhado antes. Era assustador, parecia que iria se mexer a qualquer momento.
Eu não conseguia tirar os olhos daquela coisa.
- Vamos pra outro lugar, eu não gosto desse bicho parado aí olhando.
- Ele está morto.
Essa frase teve o efeito contrário em mim, ficou pior.
Me levantei e apontei pra baixo.
- Olha só, isso (meu pênis) não vai conseguir subir hoje. Se você acender uma luz pelo menos ...
- Não dá, os vizinhos da minha vó vão notar que tem alguém dentro da casa.
- Então vamos pro chão do quarto.
Ele topou. Eu não queria deixar nada para trás e me abaixei para pegar minhas roupas. Senti algo bater na minha bunda. Era o nariz do Bambi. Eu devo ter dado uns passos para trás, ou, ele deu uns passos para frente. Aquilo acabou com a minha imunidade, eu comecei a ver sombras suspeitas em todo canto.
O quarto também era de dar medo. Eu podia ver a Linda Blair na cama girando a cabeça. Pelo menos havia um tapete fofo no chão. Quando consegui desviar o olhar da horrível escuridão embaixo da cama, percebi que algo estava errado. Algo não estava acontecendo.
- Sabe o que é? Eu não costumo ser ativo - ele disse.
Isso quer dizer que não vai rolar nada? Isso quer dizer que posso sair dessa casa nesse momento? Fingi estar bravo. Mas estava feliz. Eu ainda tinha que voltar andando até a minha casa. Ruas escuras e desertas (maldita novela), não tremia de medo há anos.
E, anos depois, eu acabaria rindo muito com as regras do filme "Pânico". Nunca faça sexo, eles dizem. Eu não fiz. Eu sou a criança que sobreviveu. Mas posso ter esquecido um tazo na casa da vovó.
Nenhum comentário:
Postar um comentário