10.1.19

O SEXO E A CIDADE


Estou saindo do cinema. Ainda estou processando o filme. ''Jurassic Park 3'' foi uma boa ideia ou não? O tempo dirá. Conheci um carinha no corredor. Ele me seguiu até o banheiro.
- Eu daria uns amassos em você agora. Se esse banheiro não fosse assim.
Assim como? Qual o problema com o banheiro?
Ele me levou até o banheiro do shopping. Deu uma espiada lá dentro.
- Esse também não é legal. 
Não sei que tipo de banheiro ele prefere, mas eu não curto muito banheiros. Tá certo que não tem câmeras lá dentro e tal, só não acho uma ideia muito higiênica. Só comecei a seguir o cara porque ele era bonitão.

Ele me levou ao McDonald's ao lado do shopping. Não curtiu aquele banheiro também. Aí passamos pelo parque Trianon. Me lembrei de ter passado algumas horas com um cara ali, só conversando.
Eu o vi na saída do cinema. Eu tinha acabado de ver um temático francês bem chato. Ele tava tomando um café numa mesinha. Amante de filmes de arte, imaginei, odeia blockbusters de Hollywood, adora filmes clássicos e barra ou independentes. Eu queria causar uma boa impressão, tipo, meu filme favorito é ''Oito e meio'', do Fellini (mentira, é Jurassic Park) e eu sei de cor todas as falas de ''Casablanca'' (na verdade, apenas os diálogos mais famosos do tipo ''sempre teremos Paris'' e tal). 



 
A gente entrou no parque pra conversar sobre cinema di qualità, mas ele falava pouco. Me lembrei de um cara que mora atrás do parque. Eu tava no ap dele, na cama dele, quando ele me disse:
- Eu não gosto muito de sexo normal.
Hum, acho melhor eu ficar calado e deixar o cara se explicar.
- Eu adoro filme pornô. Gosto de fazer sexo de filme pornô.
Ainda calado, só ouvindo.
- Ao invés de ficar na horizontal, na cama, podíamos ficar de pé ao lado do braço do sofá, ou na mesa da cozinha. 
- ...
- Se eu segurar suas pernas, você consegue abrir desse jeito? 
Já consigo ouvir meus ossos estalando e quebrando. 
- Você sabe inglês?
Opa, tem mais ... 
- Eu só vejo filmes norte americanos. Você poderia falar coisas do tipo ''fuck me hard'' e ... cê sabe...
Que belo jeito de praticar meu inglês...




Isso me fez lembrar de um amigo do meu primo. Dez anos mais velho que eu. Tinha uma queda por mim, pegava na minha coxa quando falava comigo. Tinha inglês fluente. Na festa da minha avó, conversamos em inglês. Ninguém ao redor tava entendendo patavinas.
> Onde aprendeu a falar inglês?<
> Vendo filmes, ouvindo músicas, às vezes vejo um pornô<
> Ahaha, por que isso?<
> Para aprender palavrões, eles fazem parte da vida<
> E o que você já aprendeu?<
Aí eu comecei a dizer tudo que eu gostaria de fazer com ele numa cama.
Eu riu (mau sinal) e depois disse:
> Você é menor de idade, não quero me encrencar<
Fiquei muito chateado.



Felizmente, ele perdeu o medo no final daquele ano. A gente se divertiu um bocado.
Eu também tava me divertindo com o carinha viciado em filme pornô. Quando ele começou com os ''oh yes'', eu tive que me segurar pra não cair na risada, foi ridículo demais. Eu não o veria novamente.
E nem o cara do parque. Ele abriu o jogo, não gostava dos mesmos filmes que eu, só queria me impressionar, mas não conseguia mentir muito bem (Fellini quem?):
- Eu nem deveria estar aqui. Eu tenho namorado.
E tchau.
O cara do banheiro me arrastou por toda a Paulista e acabamos num McDonald's na Domingos de Morais. Um banheiro aceitável, segundo ele. Mas o lugar tava cheio de gente.
- Olha, eu disse, gostei do passeio, mas tenho que voltar pra casa.
Decidi que não gostei muito de ''Jurassic Park 3''.
 

3 comentários:

Anônimo disse...

Caramba Alessandro, suas histórias são ótimas kkkkkk.
Adorei essa do cara do banheiro. Como assim ficar decidindo o melhor banheiro???

Eu também tenho uma história com amigo de primo, parecida com a sua: éramos adolescentes e ele vivia pegando na minha coxa também. Enfiando a mão por baixo da minha bunda, dando umas olhadas... Aí eu correspondia. Era tudo "uma brincadeira".
Mas na casa do meu primo eram dois andares. Então a gente ficava todos os três jogando no PC, e quando meu primo descia ele se insinuava e me chamava pro outro quarto. Então, a gente se pegava, ele ficava beijando meu pescoço, passando a mão um no outro. No caso também simulava, de roupa mesmo, que estávamos transando. Um jogava o outro na cama, e vice versa. Eu percebia que gostava daquela situação.
Quando meu primo subia de volta, dava pra ouvir o som dos passos na escada e voltávamos pro computador, como se nada tivesse acontecido.
Isso aconteceu várias vezes, mas nunca foi aos finalmente real. Perdemos contato.
Fico pensando se esse amigo estava só "brincando" ou, se tivesse chance, um dia tornaria aquela situação real.

ALESSANDRO SKYWALKER disse...

ah, essas simulações, vontade de voltar no tempo, com a audácia de hoje, e corrigir esse passado ;)

Anônimo disse...

Né? Se inventassem a máquina do tempo, resolveria essa simulação rapidinho kkkkkkkk :)