5 MANEIRAS DE COMER UMA PIZZA

No vestiário.

Eu era sempre o último a deixar a piscina porque adorava nadar (ainda gosto). Assim que eu deixava o vestiário, o professor passava a chave e fechava tudo. Ele parecia ter uma queda por mim. Naquele sábado ele entrou no vestiário e ficou conversando comigo enquanto eu tomava banho (não passe vergonha, pense em alguma coisa não sexy, alguma coisa não sexy). Eu estava passando a toalha na cabeça e pelo espelho eu notei que ele ainda tava me olhando. Aí ele moveu a mão e ajeitou o pacote. Eu não precisava ver outro gesto.

 

Na sala.

Não sei como chegamos a esse ponto na conversa. Eu disse pro meu colega de classe - Acho que você é tão tímido que não consegue nem tirar a camisa perto de alguém. Ah, eu consigo sim, ele disse. Ok, então tira. - Tira a sua primeiro, ele me desafiou. Argh, o velho joguinho do ''mostra o seu que eu mostro o meu'', por que amadureci antes de todo mundo? Que droga. Tudo bem, vamos brincar então. - Você tiraria sua bermuda e ficaria só de cuecas? perguntei. É como tentar não assustar um cervo, você tem que ir bem devagar. Achei que essa pergunta iria assustar o Bambi, mas eu tava com pressa. A mãe dele poderia voltar do trabalho a qualquer momento.

 

No quarto.

Deixamos minha família no passeio por Corumbá (eu não sei como anda a cidade atualmente, mas naquela época não tinha muita coisa para se ver) e voltamos pro hotel, eu e o meu primo. Eu tava cansado, deitei numa cama e ele se deitou ao meu lado. Eu pretendia dormir. E ele, ele se encostou demais em mim.

 

No apartamento.

Esse cara era tão perfeito, até gostava de cachorros. Eu tava doido para arrumar um namorado. E daí se ele mora na capital? Eu posso me mudar, largar tudo e viver com ele. Nós daríamos jantares para outros casais gays e contaríamos sobre o dia em que nós nos conhecemos, foi mágico. Na chuva, em frente de uma loja de dvds. Ele também gostava de Jurassic Park. Eu estava nas nuvens. O quarto dele era quentinho e bem arrumado. A cama era muito convidativa.

Na boate.

Lá estava eu na Blue Space, tarde da noite, voltar para casa seria meio perigoso. Mas eu estava no cio. Vi um cara olhando para mim e pensei - Wow, é esse. É o meu número. Conversamos um pouquinho e depois trocamos uns beijos. Eu tava muito excitado, mas ele meio que se mantinha afastado. Começou a falar sobre ele, sua vida, seu trabalho e sua família. Ativei meu olhar 32, estou escutando, mas me importo? Não.

No vestiário.

O professor continuava falando mas começou a tropeçar nas palavras quando me aproximei. - Sabe de uma coisa? O senhor fala demais. Puxei sua bermuda e a natureza seguiu seu curso. Em todos os espaços do vestiário improvisamos uma ou outra posição sexual.

Na sala.

Estamos de cuecas no sofá há um tempão. Meu tesão estava indo embora junto com a minha paciência. Não aguentava mais ouvir um ''não''. Não aguentava mais aquele sorriso bobo e ele tava com o rosto bem vermelho. Olha, agora é tudo ou nada. - Você já beijou alguém? Ele percebeu onde eu queria chegar (agora? Duas horas depois? Grrrrr). - Então ... eu não sou viado, nunca fiz esse tipo de coisa. Bem vindo ao mundo gay como ele é, quando você ouve essa frase você aposta no sentido oposto. Se eu ganhasse um Cruzado Novo para cada vez que eu ouvi isso ... - Eu também não sou viado. E nos beijamos. Não sei explicar, é assim e pronto.

No quarto.

Meu primo disse que tava sentindo um pouco de frio e se aproximou mais ainda do meu corpo. Tenta não pensar em algo sexy. Eu não sei o que ele pretende. Por outro lado, temos 15 anos, quem consegue controlar uma ereção com essa idade? Nem eu, nem ele.

No apartamento.

Eu e o amor da minha vida estávamos curtindo o momento na cama, tudo muito romântico, muitos beijos, sem pressa. E aí alguém entrou, sem bater, no quarto. Ele dividia o apê com outro homocara. Eles trocaram um ''oi''  e o cara começou a se despir. Parece que eles dividiam outras coisas também.

Na boate.

Eu quero muito sair daqui. Eu quero transar lá no estacionamento ou num beco. E o cara já falava sobre namoro. Namoro? Eu não quero namorar ninguém. Fazer amor até que é legal, mas, às vezes, só o que você quer é transar com um desconhecido contra uma parede e depois dizer tchau. Ele quer que eu me mude para a capital para viver com ele? Eu nunca faria isso.

Na sala.

Peguei a mão dele e a enfiei dentro da minha cueca. Ele não fez objeção a isso. E nesse momento, a mãe dele chegou em casa. Nos vestimos em tempo recorde. Voltei pra casa super nervoso, chutando uma latinha na rua (ou algo parecido com isso, nunca joguei futebol).

No quarto.

Aí, o meu primo colocou a perna dele em cima de mim, me abraçando. O que vai acontecer agora? Aconteceu uma batida na porta. A família voltou do passeio. Me levantei e corri até a porta. Não estamos fazendo nada, tá tudo normal aqui, tudo normal. Ufa. Até hoje, fico pensando, o que teria acontecido se a gente tivesse mais tempo?

No apartamento.

Tinha um cara entre mim e o meu amor. E eu não tava feliz com isso. Eu queria namorar e ele só queria sexo casual. Voltei pra casa com vontade de chorar. Nunca vou arrumar um namorado, os gays só querem sexo, ninguém topa um compromisso, vou morrer sozinho e ponto final, snif.

Na boate.

Eu disse pro cara que não tava a fim de namorar. - Oh, eu entendo. Sua boca dizia ''Oh, eu entendo'', mas seu olhar dizia ''Sua puta''. Arrisquei minha vida para chegar até aqui e agora volto pra casa sem sexo? Que tal ser assaltado no caminho de volta para fechar a noite com chave de ouro? Grrrr.

No vestiário.

Depois do sexo a gente tomou banho juntos. O professor fechou a porta e cada um seguiu seu caminho. Ah, que sábado...