Mitologia maori. Quando nasceu, Maui (para alguns povos, era um jovem belo. Para outros, um idoso bem sábio) foi jogado no mar por sua mãe e foi salvo pelo Sol. Ele cresceu e viveu muitas aventuras ao lado dos irmãos, eles conseguiram capturar o Sol durante a noite e ele foi libertado assim que prometeu atravessar o céu numa velocidade mais reduzida. Maui também pescou várias ilhas com seu anzol, inclusive a ilha de Hawaiki, onde se originou o povo maori. Ele roubou o fogo de uma divindade no mundo subterrâneo e os humanos, que eram imortais, aprenderam a usá-lo.
Ainda no mundo subterrâneo, Maui encontrou a deusa da morte, uma gigante, dormindo. Ele queria roubar a imortalidade dela. Seu plano era atravessar o corpo da deusa, entrando pela vagina e saindo pela boca. Mas a deusa acordou e juntou as pernas esmagando e matando Maui. Ela ficou com tanta raiva que removeu o dom da imortalidade dos seres humanos.
A Disney, você já notou, se concentrou numa personagem original. Gosto do filme, ele tem um visual muito bonito, gosto das canções (em inglês), mas não curto o excesso de pets de princesa. A ideia do oceano ser um personagem no filme é interessante mas gerou um furo na trama porque ele poderia ter feito todo o trabalho sozinho, o filme também não explicou como Moana entrou no mundo subterrâneo logo após Maui dizer que mortais não podem entrar. Enfim, os diretores tiveram a ideia para o filme quando souberam que houve uma época em que o povo maori parou de navegar por algum motivo desconhecido.
Hércules (Herácles para os gregos. Hércules para os romanos, que xerocaram toda a mitologia grega alterando os nomes dos personagens), era um dos filhos bastardos de Zeus (Zeus vivia engravidando mulheres mortais). Filho da humana Alcmena, Hércules era dono de uma super força. A esposa de Zeus, Hera, que odiava todas as amantes e todos os bastardos do marido, se tornou a maior inimiga de Hércules. Ela colocou duas cobras no berço dele e o bebê as matou facilmente. Anos depois, ela o colocou num estado de loucura e, quando ele despertou, descobriu que havia matado sua esposa Mégara e seus filhos. Para se livrar da culpa, ele trabalhou como criado de um rei, e através desse rei Hera lhe passou dois trabalhos impossíveis e perigosos. Herc cumpriu as duas tarefas. O rei decidiu que esses dois trabalhos não contavam e passou outros dez (hoje contamos 12 de uma vez). Usando a força e a esperteza, ele cumpriu os dez trabalhos. Se casou novamente (sua nova esposa, Dejanira, seria a responsável por sua morte) e viveu outras aventuras.
Quando fiquei sabendo dessa adaptação logo imaginei que a Disney iria fazer algumas alterações, bem, muitas alterações. Eu gosto de mitologia grega mas não fico consertando o filme mentalmente porque ele é muito divertido e tem canções incríveis. O estúdio já gerou polêmica em 1955 (A dama e o vagabundo) quando mostrou uma cama de casal numa animação, Hércules foi além em 1997 ao mostrar um casal (Zeus e Hera) abraçados numa cama. Me lembro que um professor meu comentou isso, ele ficou chocado.
Outro conto cuja origem ninguém conhece. Se tornou popular na Europa quando foi incluído na coletânea "As mil e uma noites" no século XVIII, Aladim pode ter surgido no século VII ou XI, talvez ao mesmo tempo que as histórias de Simbad. Aladim tem 15 anos, cresceu em algum lugar na rota da seda (China) e não quer ser alfaiate como o pai, é um irresponsável e está sempre aprontando. Nada muda quando seu pai morre e ele fica sozinho com a mãe. Um dia, um feiticeiro (ou, um homem que diz ser tio de Aladim) aparece em sua casa e lhe faz uma proposta. Se o garoto entrar numa caverna cheia de tesouros, que fica num jardim secreto, ele pode ficar com todo o tesouro se trouxer para o feiticeiro uma lâmpada de azeite que está lá dentro. Ele recebe um anel mágico para sua proteção. O rapaz percebe que será traído pelo feiticeiro, os dois brigam e Aladim fica preso na caverna. Acidentalmente, ele esfrega a lâmpada e aparece um djin que realiza desejos. Ele pede para ser transformado em príncipe e isso também o transforma num homem adulto. Ele se casa com a filha do sultão e passa a governar o reino.
Mas o feiticeiro ainda não desistiu. Ele engana a esposa de Aladim, rouba a lâmpada e deseja que o palácio de Aladim seja transportado para a África. Aladim consegue invocar o djin com o anel mágico, vai até a África, mata o feiticeiro e traz de volta o seu palácio.
Acidentalmente escolhi três filmes dos diretores Ron Clements e John Musker desta vez (dá para fazer isso de novo). Por muito tempo, durante sua produção, o filme trazia a participação da mãe de Aladdin, foi até escrita uma canção que ele cantava para ela. Até hoje eu gostaria de saber se os roteiristas do estúdio trocaram figurinhas na época, "Ducktales, o filme", lançado dois anos antes, traz a mesmíssima história. O filme se preocupou em não deixar furos na trama, trouxe um gênio que realiza desejos mas com algumas condições. A animação pegou emprestado alguns nomes de personagens do filme "O ladrão de Bagdá" (1940).