E agora, pela primeira vez no blog, sex club. Descobri o local por acidente e fiquei vários dias pensando se seria uma boa ideia. Quer dizer, que tipo de pessoa frequenta um sex club? Eu, com certeza, não vou arrumar um namorado lá dentro, então ... peraí, já vi alguns filmes, sei como funciona, mas, nos filmes, só dá gente bonita ... Ah, não sei não.
Minha temporada no clube durou pouco, me senti meio deslocado. Alguns dias foram divertidos. Haviam aparatos especiais, balanços e um X enorme com amarras, mas ninguém os usava, camas e sofás. Conheci pessoas legais e alguns tipos estranhos. Na entrada, como todo iniciante que se preza, parei para ler as regras da casa num quadro. Lembre-se, "não" quer dizer "não". Aprendi rapidinho a dispensar, educadamente, alguns sujeitos. Faltava aprender a dizer "E aí? Vamos nessa?" sem abrir a boca (poucos caras abriam a boca para falar), usando apenas a linguagem corporal. Meio difícil fazer isso quando se está usando apenas uma toalha na cintura, eu tinha que deixar a timidez do lado de fora.
Com vocês, dezembro/janeiro de 2002.
A única luz no local vinha da sala dos armários, onde o povo tirava a roupa após entrar. Era possível ver todo mundo que chegava. E tinha aquele cara, o sr perfeito, que todo mundo queria pegar. Alto, bonito, como um anjo, a pele dele te faz chorar. Ele entra e rouba todos os olhares. Pega quem ele quiser. Avalia todo mundo numa única ronda, desfilando. Se não encontra nada interessante, se senta no bar e lê um jornal. Ninguém o incomoda. Mas todos querem saber quem será o felizardo desta noite.
O CARA DIRETO AO PONTO
Eu havia chegado cedo demais. Apenas o barman tava no pedaço. Sentei numa mesa e comecei a ler o jornalzinho GLS (sim, naquela época, só haviam 3 letras). Ouvi o som da campainha, chegou alguém. Um cara, sem sal sem açúcar, entrou e começou a se despir. Não chamou muito a minha atenção. Quem sabe o próximo? Ele deu uma volta pelo local. Depois ficou vendo um filme em uma das TVs. Deu outra volta. Passava por mim, mas eu não tirava os olhos do jornal. Aí, ele quebrou as regras, ele abriu a boca.
- Oi, olha, sabe, não tem ninguém aqui, só nós dois, será que você não tá afim de ...
Me lembrei que "não" é "não", mas ele estava certo, e eu com tesão. Talvez uma rapidinha antes do sr Perfeito aparecer...
O PROFESSOR
Que se dane o sr Perfeito. A melhor transa da temporada foi com o Professor. Chegou usando terno e gravata, poderia ser um advogado também, e veio na minha direção. Pena que foi só uma vez. Eu não o vi novamente. Ou, a gente se desencontrou.
O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA E O JUIZ
Eles eram namorados. O professor tava meio fora de forma. O garoto tava estudando para ser juiz (não se vê isso todos os dias, sério, juiz?). Ficamos juntos várias vezes. Um dia, me convidaram para o apê, ali perto. Comemos uma pizza e tomamos banho juntos.
O BOMBEIRO
Eu era doido pelo bombeiro. Hey, eu tinha que dar um nome (mentalmente) pra esse povo, e esse cara lembrava aqueles calendários de bombeiros de niuiorqui. Ele era grandão. Assim que chegou, arrumou alguém, típico. Aí, o cara direto ao ponto pintou na minha frente. Ah, e por que não? Ele era legal no fim das contas. O bombeiro era muita areia.
Mas o bombeiro apareceu quando a gente tava no meio do sexo e quis participar. Ainda bem que as camisinhas eram por conta da casa, a gente usou um monte.
O APAIXONADO
Ele fazia o tipo verbal. Tinha a boca suja, mas foi divertido. Fiquei exausto e resolvi ir embora. Enquanto me vestia, ele apareceu ao meu lado e me pediu em namoro. Olha, podia até rolar, se ele prometesse não frequentar mais aquele lugar. Eu tava afim de um lance mais romântico e a gente nem havia trocado nomes. Não queria começar um namoro dessa maneira.
O VINGATIVO
Eu nem acreditei, era a minha noite com o sr Perfeito. Tava todo mundo olhando pra gente. Eu não queria dar um showzinho, então puxei o cara para dentro de uma das cabines privativas. Antes disso, havia dispensado um cara bem chato que tava me seguindo pra todo lado. Adorei a expressão dele quando fechei a porta da cabine. Depois do sexo, fui pegar minha toalha no alto da cabine e descobri que ela não estava mais ali. Havia caído lá fora, ou, foi puxada. Não encontrei a toalha nas redondezas. Andei nu, pra cima e pra baixo, até encontrá-la num canto sujo no chão. Uma toalha extra custaria um adicional, dane-se, tô bravo, vou pra casa.
O BRUXO
E tinha gente que frequentava o local só pra bater papo e ficar olhando os outros. Eu não queria fazer nenhuma das duas coisas. O cara se sentou ao meu lado e perguntou por que eu tava tão nervoso. Eu não estava nervoso. Na verdade, comecei a sentir um pouco de frio (ombros descobertos, minha fraqueza). Então cruzei os braços. Aí o cara disse que aquele gesto significava que eu estava me fechando e que não queria papo. Ele tá me chamando de mal educado? - Olha, eu sou meio bruxo, eu sinto essas coisas só de olhar para as pessoas. Dei uma desculpa, levantei e fui dar uma volta. Não haviam outras opções (homens) na casa naquele momento, então procurei um canto mais tranquilo. O tal do bruxo encontrou uma cama, deitou e dormiu. Hã??? Isso eu posso fazer em casa, e de graça.
4 comentários:
Sempre tive a curiosidade de saber se você era o tipo de cara que frequentava saunas ou sex clubes. Legal saber que você também teve essa fase.
Isso nao foi em Jundiai nao ne? Se for eu vou ficar bem impressionado. Pra mim aqui nunca teria um sex club para nós.
Foi na capital. Não cheguei a conhecer o mundinho gay de Jundiaí, ele existe?
Entao, que eu saiba nao existe, por isso minha surpresa. Na minha adolescencia toda nao sabia nem que existia gay aqui.
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