1.2.25

🐾🦍🎃🐓🐘 👑 DISNEY VS CONTOS ORIGINAIS (final)


"Happy Dan, o cachorro cínico" é um conto que apareceu na revista Cosmopolitan em 1945. A história é curta, mas Happy Dan, um spaniel, apronta muitas confusões. Ele tira proveito das pessoas após descobrir que, para os humanos, o cão é o melhor amigo. Ele finge ser um cachorro de rua para ser adotado por outras três famílias, em suas andanças ele acaba recebendo muito mais comida e carinho. O conto não tem um desfecho ou uma moral. O cão aprende que os humanos são bem simplórios e podem ser facilmente manipulados (parece a história de um gato pra mim).

Eu amo essa animação, ela é muito bonita. Vemos os cães animados mais lindos que o estúdio  já criou. Mas é difícil rever por conta das cenas do canil, eu sempre choro. O Vagabundo adotou muito da personalidade de Happy Dan, mas o filme é um romance, ele conta sua própria história. 



Criada em 1912, a história de Tarzan começou com uma tragédia. Seu nome era John Clayton III, lorde de Greystoke, filho de aristocratas britânicos. Após um motim no navio em que viajavam, seus pais foram abandonados na costa africana. Sua mãe morreu e seu pai foi morto por um símio chamado Kerchak, o líder de um bando de símios enormes (não são chimpanzés nem gorilas. Edgar Rice Burroughs dizia que eram primatas ainda desconhecidos pela ciência). Kerchak e a fêmea Kala adotaram a criança e lhe deram o nome de Tar-zan (pele branca).
Quando Tarzan tinha quase vinte anos, ele conheceu a norte americana Jane Porter. Foi atrás dela quando ela voltou para a América e os dois retornaram para a África (quando ele ficou entediado com a civilização) onde começaram a viver muitas aventuras, envolvendo até civilizações perdidas e dinossauros (a África de Burroughs era bem fantasiosa, ele nunca pisou naquele continente). 

A Disney usou muitos elementos do material original e transformou Tarzan numa criança que nem sequer sabia que era adotada. Outro ponto forte foi transformar Jane e seu pai em biólogos, eles estão lá para estudar os gorilas, a excitação deles é contagiante. Não poderia faltar um caçador como vilão protagonizando a cena de morte mais chocante da história do estúdio. 



"A lenda de Sleepy Hollow" foi escrito em 1820. Ichabod Crane é um professor supersticioso que acredita no sobrenatural. Ele se apaixona pela bela Katrina Van Tassel e pela fortuna do pai dela. Mas a moça também está sendo cortejada pelo valentão Abraham "Brom Bones" Van Brunt. Quando Ichabod encontra o cavaleiro sem cabeça no final do conto, ele corre até uma ponte sabendo que o fantasma não atravessaria o rio. Mas recebe um golpe pelas costas. Pela manhã o povo encontra o chapéu de Ichabod e uma abóbora destruída no local. Ichabod nunca mais foi visto e Brom se casou com Katrina. O final passa a ideia de que Brom pode ter se disfarçado de cavaleiro sem cabeça e aí ele se livrou de Ichabod. 

Com uma bela animação e canções divertidas, o curta de 1949 adaptou o conto original com muita fidelidade. Acho que é a adaptação mais fiel que o estúdio já fez. Nem sequer mudaram o final sombrio, o herói simplesmente desaparece. Mas nada no filme indica que Brom teve alguma coisa a ver com o sumiço de Ichabod.



"Chicken Little" é um antigo conto europeu (tradição oral) com várias versões e é difícil dizer quando ele surgiu. Os irmãos Grimm incluíram a história numa coletânea de contos alemães no início do século 19. Temos uma galinha (ou pinto) que entra em pânico quando uma noz, ou uma bolota, cai em sua cabeça. Ela sai gritando que o céu está caindo. Ela decide avisar o rei (não sei que animal ele é) e vários outros animais (pato, ganso, peru...) acreditam em sua história e a seguem nessa jornada. O final mais popular mostra uma esperta raposa convidando a galinha e seus seguidores até a sua toca e ela devora todo mundo.

A Disney adaptou o conto duas vezes. Na primeira, temos um curta feito a pedido do governo norte americano, era uma daquelas animações feitas durante a Segunda Guerra Mundial para a) alertar as pessoas sobre o nazismo ou b) entreter as tropas. O curta de 1943 é divertido, tem aquele final macabro, mas sua mensagem continua atual.
A animação de 2005 matou a mensagem original, é exatamente o oposto do conto, nos trouxe um clima muito mais infantil e no fim das contas as fake news eram verdadeiras, surgem alienígenas na história. Nem mesmo o plot "pai tentando se relacionar com o filho" salva o filme.



Essa história foi criada por Helen Aberson-Mayer, e seu marido, em 1939. No mesmo ano foi vendida para uma editora que, no mesmo ano, a vendeu para a Disney. O filme foi lançado em 1941 e seu roteiro é a única coisa que temos hoje. A história original, "Dumbo, o elefante voador", se perdeu, então não é possível fazer comparações. 

São vários os momentos em que o filme enrola, principalmente na assustadora sequência do Dumbo de pileque. Mas eu gosto da história e me emociono com a senhora Dumbo cantando. Acabei curtindo o live action do Tim Burton porque tá cheio de personagens novos e tem muito mais história. Tem um vilão fraco também, mas o final é lindo porque os animais deixam o circo e voltam para a natureza. 



"A tragedia de Hamlet, príncipe da Dinamarca", ou simplesmente "Hamlet", foi escrita entre 1599 e 1601. O jovem príncipe recebe a visita do fantasma de seu pai e o espectro revela que ele foi envenenado por seu irmão, que agora se casou com a rainha e se tornou rei. Depois de muito lamentar, muito mesmo, Hamlet decide vingar o pai, mas acidentalmente acaba matando o pai de sua quase namorada, Ofélia. A moça enlouquece e morre afogada.
Com a ajuda de artistas de circo, Hamlet recria a morte do pai na frente do rei e nota como ele ficou alterado. O rei resolve envenenar o príncipe e quem toma o veneno por acidente é a rainha, o irmão de Ofélia desafia Hamlet para um duelo e sua espada tem veneno na ponta. Hamlet mata o rapaz e depois mata seu tio, vingando o pai, antes de morrer também. O resto é silêncio...

Durante sua produção, o "Rei leão" foi apelidado de Bambilet. Tinha um pouco de Bambi e um pouco de Hamlet. Mas foi vendido como "a primeira animação da Disney com uma história original". As semelhanças com o mangá "Kimba, o leão branco" são poucas. Não há humanos na história de Simba. Kimba viaja pela Europa enquanto tenta voltar para a África, onde precisa recuperar o trono de seu pai. Vegetariano, Kimba tenta melhorar a vida dos animais pedindo para eles se comportarem como os humanos. 

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