Pocahontas era o apelido de infância de Matoaka, mais tarde chamada Amonute. Ela tinha onze ou doze anos em 1607, quando seu pai capturou o líder dos colonos, John Smith. Pocahontas pediu para o pai poupar a vida de John, sua morte deixaria os colonos furiosos. Por conta de um ferimento, dois anos depois, Smith voltou para a Inglaterra. Em 1612, quando tinha uns 17 anos, Pocahontas foi capturada pelos colonos e ficou presa em Jamestown por um ano. Ela conheceu John Rolfe, um comerciante de tabaco, e ele a tirou da prisão quando ela prometeu se casar com ele. Pocahontas se converteu ao cristianismo, foi batizada como Rebecca e teve um filho, Thomas.
Em 1616, Rolfe e Rebecca visitaram a Inglaterra e foram bem recebidos pelo rei James (gay gay gay, já viu "Mary e George" no Globoplay? É o cara). No ano seguinte ela reencontrou John Smith, ficou brava porque ele não fez nada para manter a paz entre os colonos e os índios. Meses depois, Rolfe e Rebecca decidiram voltar para a América, mas ela ficou doente no barco (varíola talvez) e voltou para Kent, onde faleceu.
Contrariando todos os diários de John Smith, versões futuras dessa história transformaram o inglês e a princesa índia num casal do tipo Romeu e Julieta, e no século XX o cinema botou concreto por cima. Essa foi a versão usada pela Disney, com uma Pocahontas envelhecida e um John Smith rejuvenescido. Para quem não curtiu o final do filme, a Disney lançou uma continuação pouco tempo depois, mais uma vez deixando os momentos pesados de fora.
Até hoje, Robin Hood é um mito. Se existiu realmente, viveu no século XII, porque o rei Ricardo Coração de Leão (outro homossexual numa animação da Disney e a própria Disney não ficou sabendo) faz parte desse conto. Robin de Locksley voltou das Cruzadas onde serviu ao rei Ricardo e encontrou uma Inglaterra dominada pela tirania. Com seu bando de homens alegres na floresta de Sherwood, Robin se tornou um fora da lei que roubava dos ricos para doar aos pobres.
Se casou com lady Marian, sobrinha do rei, e quando Ricardo voltou das Cruzadas o nomeou Cavaleiro. O mito e a vida real se fundiram várias vezes desde o século XIII, surgiram muitos nomes de homens que poderiam ser o verdadeiro Robin Hood, até mesmo uma tumba que pode ser da verdadeira lady Marian foi encontrada. Foram escritos vários livros sobre o personagem, em um deles Robin ganhou sua icônica roupa verde.
A Disney compactou a versão mais famosa do conto. Temos o torneio de arco e flecha, organizado pelo xerife de Sherwood para descobrir a identidade de Robin, e o desfecho com a volta do rei (feliz demais para quem perdeu uma guerra no estrangeiro). O filme deixou de fora o bando dos homens alegres, incluindo Will Scarlet (um personagem muito importante que faz parte do mito desde o início. Outro túmulo que foi encontrado sem identificação e que muita gente acredita ser o dele), Robin tem apenas o Pequeno John ao seu lado. O frei Tuck está no filme mas não faz parte do bando. Todos os personagens são animais, no estilo zootopia, e hoje a gente se pergunta: o que os carnívoros comem?
Na década de 1910 uma francesa morreu e deixou toda a sua fortuna em testamento para uma família de gatos. Eu me lembro de quando disseram que "Pocahontas" era a primeira animação da Disney baseada numa história real em 1995. Mas acontece que os roteiristas da animação "Aristogatas" (1970) se basearam na história da mulher de Paris que deixou seu dinheiro para os gatos.
Aí, apesar de amar o filme de 1970, eu fico na dúvida se isso não é uma lenda urbana. Talvez seja uma lenda urbana no estúdio ou uma lenda urbana em Paris. Sim porque, eu fiz uma pesquisa e me deparei com uma coisa de 1804 chamada Lei Napoleônica. Segundo as leis, gatos não podem ser herdeiros porque não são pessoas...