Ela era velha, muito muito velha, um esqueleto vivo. Vou usar seu nome verdadeiro porque, caramba, se ela ainda estiver viva, deve ter uns 200 anos. E na Ășltima vez que chequei isso, a mulher mais velha do mundo nĂŁo era brasileira. Logo, adeus dona Ărica, professora de matemĂĄtica, nĂŁo sei quando vocĂȘ se foi, mas com certeza, jĂĄ se foi.
MatemĂĄtica, Ăłdio nacional, e uma professora durona, pĂ©ssima combinação. Ah, isso me lembra. Dona Ărica, atĂ© hoje, na vida real, nĂŁo usei nada daquilo que a senhora me ensinou e tambĂ©m jĂĄ esqueci tudo.
Essa professora tinha muitos ''fĂŁs'' na escola, dez em cada dez alunos a chamavam de bruxa, pelas costas Ă© claro. Havia atĂ© uma mĂșsica: Lua cheia ... a dona Ărica passeia...
Velha e assustadora, ela nĂŁo via televisĂŁo, e nĂłs descobrimos isso da pior maneira.
A classe estava bem quieta, todos estavam olhando para a dona Ărica no quadro negro. Ela deixou cair vĂĄrios pedacinhos de giz no chĂŁo e foi atĂ© um canto pegar uma vassoura. A vassoura em questĂŁo era uma vassoura de palha, e essa foi uma pĂ©ssima ideia.
Um dos garotos, o Leandro (eu tinha uma queda por ele), ao ver a dona Ărica pegando naquela vassoura, disse em alto e bom som:
- E lĂĄ vamos nĂłs.
A classe toda explodiu em risos. NinguĂ©m conseguia se segurar. A dona Ărica levou o maior susto, de repente todos estavam rindo e ela nĂŁo fazia ideia do por quĂȘ. Começou a exigir explicaçÔes e ninguĂ©m na classe tinha coragem de dizer a verdade pra ela. Os risos foram diminuindo e ela resolveu deixar isso de lado.
EntĂŁo tĂĄ, ela nunca viu o Pica-pau na tv, escapamos com vida.
Sentada em sua mesa, ela olhava para os alunos, ainda tentando entender. NĂłs estĂĄvamos de cabeça baixa, fazendo uma conta qualquer. Novamente, tudo era silĂȘncio (como ela sempre dizia antes de uma prova: ''agora-Ă©-silĂȘncio'').
Alguma coisa aconteceu no corredor, com a porta fechada não dava pra ver nada. O barulho assustou até a professora, que foi até lå dar uma espiada. Quando ela abriu a porta, só um pouquinho, o Leandro resolveu tentar a sorte novamente:
- Ă vocĂȘ SatanĂĄs???
E mais uma vez a classe toda explodiu. Risadas altas que toda a escola deve ter ouvido. Uma menina estava com lĂĄgrimas nos olhos, meu maxilar estava doendo. Foi aĂ que a dona Ărica percebeu que, de alguma forma, ela era o motivo das risadas. E ela nĂŁo aceitou isso muito bem.
- Guardem todos os livros, apenas papel e lĂĄpis em cima da carteira, vocĂȘs vĂŁo fazer uma prova agora.
E começaram os protestos. Segundo a dona Ărica, a nossa Ășnica salvação era explicar, com todas as letras, os ataques de riso. NinguĂ©m abriu a boca ... nos ferramos.
Nos dias de hoje, alguém tentaria processar o SBT ...
5 comentĂĄrios:
Cara estou sem ar e com dor de barriga de tanto rir.
Ah, como eu gostaria de ter estado nessa classe nesse dia...
Cara estou sem ar e com dor de barriga de tanto rir.
Ah, como eu gostaria de ter estado nessa classe nesse dia...
kkkkkkkkkkkkk
quem nunca passou por isso na sala de aula? O pior era ter que segurar o riso quando a professora estava olhando séria!
Eu falaria... me ferrar por culpa dos outros.... cada um no seu []
Ai, gente! Coitada da Dona Ărica! Fiquei com pena mesmo...
Postar um comentĂĄrio