livro - O BEIJO DA MULHER ARANHA

Boa parte do livro está no filme de 1985 (com Raul Julia e William Hurt, que levou um Oscar de melhor ator), mas eles são bem diferentes. No livro temos dois caras numa cela, o homossexual Molina e o militante Valentin. Quando as luzes são apagadas, Molina começa a contar para Valentin a trama dos filmes que já viu, tem filme noir, filme de terror, e eles também conversam sobre suas vidas. Ou seja, o livro conta várias histórias (de filmes) e os dois nunca deixam a cela (ao mesmo tempo). Nem sequer há narração, apenas diálogos. É quase claustrofóbico. 

Transformar o livro numa peça de teatro foi fácil, mas um filme exigia muito mais ação. O escritor argentino Manuel Puig trocou a Argentina pelo Brasil, talvez seja por isso que o filme foi filmado em São Paulo. No livro a trama se passa numa prisão em Buenos Aires, é a época da ditadura e Valentin faz parte da resistência. Quer dizer, no livro muita coisa acaba fazendo mais sentido.

O filme tem aquela imperdoável cena de sexo gay na escuridão, o livro não esconde nada, mas, há notas de rodapé, várias e várias delas, bem longas, que ficam debatendo a origem da homossexualidade, usando até teorias de Freud. Ou seja, um monte de bobagens sem sentido ocupando várias páginas do livro. Heteroterapeutas que ficam quebrando a cabeça ao invés de perguntar prum gay o que é ser gay e também relatos de experiências de laboratório envolvendo homossexuais. Uma baita crueldade. Nem sei porque diabos isso está no livro. Depois de um tempo, você para de ler essas maluquices. A homossexualidade de Molina nem é assim tão relevante para a trama. Desde o começo, Valentin o trata com muito respeito.

O final é meio enrolado, mas é melhor que o filme. O filme deixa de lado muitos dos filmes vistos pelo Molina e tem Sonia Braga aparecendo em todo canto.

FICHA TÉCNICA

TÍTULO ORIGINAL: el beso de la mujer araña
ANO: 1976
AUTOR: Manuel Puig
PÁGINAS: 234
EDITORA: círculo do livro