Em 2003 resolvi correr um alto risco. Era um sábado, dia 1º de fevereiro. Peguei um trem no final da tarde e me mandei para a capital. Estava disposto a entrar numa boate gay qualquer e arrumar um namorado. Eu sabia que, depois de entrar, teria que ficar lá dentro até o dia seguinte, caso contrário não haveria trem, ônibus ou metrô para poder voltar para casa. E eu estava completamente sozinho. Tudo poderia dar errado, eu não conhecia ninguém na capital e também não conhecia muito bem a cidade. Mas consegui encontrar o local. Alguns minutos depois, conheci o Adriano. Ele iria se tornar o meu namorado do mal nº 2 (e o último até o momento). Ele me disse que era o dono de uma video locadora. Vixi, pensei, sou um estereótipo ambulante.
Todo domingo, no meio da tarde, eu ia até o prédio dele, quase 3 horas de viagem (maldito transporte público) e passava a noite lá. No dia seguinte, ele abria a locadora após o almoço e eu pegava um cinema. Dois dias por semana, que namoro foi esse? Durou 11 meses.
Às vezes eu ficava com ele na locadora e voltava para casa na manhã de terça.
Logo na primeira visita, uma mentira. Dono da locadora? eu acho que não. Ele era um funcionário. Quando havia me dito aquilo não esperava me ver ao seu lado, no trabalho, na semana seguinte. Como ele não notou sua escorregada no tomate, eu achei melhor nem mencionar aquilo.
Uma misteriosa mulher chamada Vanessa era a dona do lugar. E ela estava viajando.
O Drico (que foi? namorados usam apelidos tá bom?) sempre me dizia coisas horríveis a respeito dela, uma chefe do tipo "o diabo veste Prada", mas como esse filme ainda não existia, ela devia ser algo do tipo "como eliminar seu chefe".
Ele se sentia a vontade sem ela por perto. Me disse que ela vivia dando ordens e broncas.
- E se ela me pegar aqui com você? perguntei.
- Acho que está tudo bem, desde que a gente não fique se beijando aqui dentro, ela não iria gostar disso.
Na semana seguinte havia medo no ar. Vanessa estava de volta. Mas, naquela segunda feira, eu ia pegar um cinema. E depois do filme voltaria para a minha casa e não para a locadora. O Adriano e a Vanessa ficariam na loja até a hora de fechar.
- Sorte sua, não vai dar de cara com a bruxa hoje. Ele me disse.
Durante a semana, Drico me dizia pelo telefone que a chefe havia voltado da viagem com um tremendo mau humor. Ela estava insuportável.
No domingo seguinte, ônibus, trem, metrô, ônibus, apartamento do Adriano, jantar, cama e sexo. Na segunda feira passei a manhã toda com ele, como sempre. Depois do almoço abrimos a locadora juntos. No meio da tarde, o carro da bruxa parou na calçada.
- Ai... a Vanessa chegou, disse ele.
Uma mulher com 30 e poucos entrou na locadora carregando uma pasta enorme. Loira, cabelo curto, penteado executivo, não estava sorrindo, tinha um passo rápido e pesado.
Eu estava quase ouvindo, na minha cabeça, a marcha imperial de "o império contra ataca" enquanto ela passava pela porta.
Continua em ADRIANO E A PROPOSTA INDECENTE.
Todo domingo, no meio da tarde, eu ia até o prédio dele, quase 3 horas de viagem (maldito transporte público) e passava a noite lá. No dia seguinte, ele abria a locadora após o almoço e eu pegava um cinema. Dois dias por semana, que namoro foi esse? Durou 11 meses.
Às vezes eu ficava com ele na locadora e voltava para casa na manhã de terça.
Logo na primeira visita, uma mentira. Dono da locadora? eu acho que não. Ele era um funcionário. Quando havia me dito aquilo não esperava me ver ao seu lado, no trabalho, na semana seguinte. Como ele não notou sua escorregada no tomate, eu achei melhor nem mencionar aquilo.
Uma misteriosa mulher chamada Vanessa era a dona do lugar. E ela estava viajando.
O Drico (que foi? namorados usam apelidos tá bom?) sempre me dizia coisas horríveis a respeito dela, uma chefe do tipo "o diabo veste Prada", mas como esse filme ainda não existia, ela devia ser algo do tipo "como eliminar seu chefe".
Ele se sentia a vontade sem ela por perto. Me disse que ela vivia dando ordens e broncas.
- E se ela me pegar aqui com você? perguntei.
- Acho que está tudo bem, desde que a gente não fique se beijando aqui dentro, ela não iria gostar disso.
Na semana seguinte havia medo no ar. Vanessa estava de volta. Mas, naquela segunda feira, eu ia pegar um cinema. E depois do filme voltaria para a minha casa e não para a locadora. O Adriano e a Vanessa ficariam na loja até a hora de fechar.
- Sorte sua, não vai dar de cara com a bruxa hoje. Ele me disse.
Durante a semana, Drico me dizia pelo telefone que a chefe havia voltado da viagem com um tremendo mau humor. Ela estava insuportável.
No domingo seguinte, ônibus, trem, metrô, ônibus, apartamento do Adriano, jantar, cama e sexo. Na segunda feira passei a manhã toda com ele, como sempre. Depois do almoço abrimos a locadora juntos. No meio da tarde, o carro da bruxa parou na calçada.
- Ai... a Vanessa chegou, disse ele.
Uma mulher com 30 e poucos entrou na locadora carregando uma pasta enorme. Loira, cabelo curto, penteado executivo, não estava sorrindo, tinha um passo rápido e pesado.
Eu estava quase ouvindo, na minha cabeça, a marcha imperial de "o império contra ataca" enquanto ela passava pela porta.
Continua em ADRIANO E A PROPOSTA INDECENTE.
4 comentários:
Depois de 6 anos, voltamos a nos encontrar na capital, no mês passado.
Desde 2005 ele está morando do outro lado do estado, pretendo visitá-lo no próximo mês.
Crise de meia idade, agora ele tem um brinco...
Cuidado com essa história de visitar ex, hein, Sky!
De qualquer forma, queria compartilhar um link com você: http://igrejaateista.com.br
Abraço.
Igreja ateísta? Faz tanto sentido quanto Urbanística dos Povos Nômades ou Semiologia do Código Morse
Igreja ateísta? Faz tanto sentido quanto Urbanística dos Povos Nômades ou Semiologia do Código Morse
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