Já tentou ver o mundo gay com os olhos de um heterocara? Eles ficam chocados facilmente. Um filme com temática gay é lançado, um heterocritico de cinema vê a obra e escreve uma sinopse num jornal ou revista. Aí, quem fica chocado, somos nós. Um simples beijo entre dois homens é chamado de "cenas fortes de homossexualismo" (corrija isso sempre que puder, o termo certo é "homossexualidade" e não "homossexualismo", em 1985 o Brézil acordou e concordou que a homossexualidade não é uma doença). Até mesmo a presença de homopersonagens em um filme é o suficiente para se criar um alerta na sinopse do mesmo.Ainda me lembro de quando o filme TRÊS FORMAS DE AMAR estreou no país. A coisa foi parar até no Fantástico, que acabou exibindo na noite de domingo a polêmica cena da "heteromão na lateral da homobunda", oh! que escândalo!
Também já li muitas sinopses e criticas que prometiam as tais "cenas fortes de homossexualismo". Quantas vezes você já não correu atrás de um filme após ler algo desse tipo? e quando chegou o momento, era apenas um aperto de mão entre dois personagens, supostamente gays.
No caso do filme QUERELLE, cuidado. Já li coisas do tipo "praticamente erótico, a cena que mostra o personagem perdendo sua virgindade é chocante", e também "a cena que mostra o personagem perdendo sua virgindade é apresentada de uma maneira selvagem porém poética" (homocritico com certeza).
Depois de assinar o cabo, comecei a receber o guia da tv em casa, todo mês. Vivia lendo as sinopses dos filmes e, vez ou outra, encontrava algo desse tipo. Cara, dois personagens gays não podem nem dividir um elevador por três segundos de filme sem que a coisa seja chamada de "contém insinuações de sexo".
Procure por uma critica de BROKEBACK MOUNTAIN de 2006. A cena de sexo é chamada por alguns de "chocante", "fortíssima", "corajosa", "desnecessária", ou ainda "tão bem feita que representa um certo amadurecimento em roliúdi".
Do heteroponto de vista, um beijo gay é uma cena "forte" (só entre homens, entre mulheres tá ok).
E para nós resta apenas a decepção. Uma revista falou sobre o filme "o talentoso Ripley" em 2000. Eu quase tive um rartataqui ao ler aquilo. Jude Law e Matt Damon estavam praticamente protagonizando a mais chocante cena de sexo gay da história do cinema. Comprei um ingresso, vi uma bunda e nada mais.
Desde então, prefiro não ler criticas de filmes gays, só se elas estiverem num site gay ou algo parecido. Nada contra a bunda do Jude Law, mas cadê a tal "cena de sodomia forte e perturbadora"??
6 comentários:
O CHP agradece ao Canguru Jackman por ter ilustrado tão bem esta postagem.
Concordo. Ótimo post.
Nos últimos tempos, eu venho buscado entender o porquê desse tipo de reação dos héteros em relação à temática gay. Cheguei à conclusão de que o choque deles vem justamente daquilo que eles não convivem com frequência. Estou assistindo à novela em casa com my family e de repente surge uma cena com um casal gay. Dá pra sentir a tensão no ar. O desconforto é nítido. Aí surge algum comentário "meio" homofóbico. E os atores nem precisam fazer nada demais. Pois é, pra mim, não é nada demais, já que eu vejo coisas desse tipo com frequência, mas pra eles "é o fim do mundo". Dessa forma, percebe-se que esse tipo de reação ocorre porque eles não estão habituados a conviver com as diferenças. Sobre o filme Brokeback Mountain, eu me lembro de uma garota ter dito que ficou chocada com as cenas fortes do filme. Morto de curioso, eu fui ver o filme e não vi nada demais! Enfim, acho que a chave pra acabar, ou pelo menos minimizar, a homofobia é a educação. As pessoas precisam se educar pra aprender a conviver com as diferenças. Essa é a minha opinião.
Ótima postagem.
Também vivo tentando entender esse drama que héteros fazem com gays.
Eu tenho que conviver a vida toda com cenas de héteros no cinema, ou pior, se pegando na vida real, na minha frente, e sequer posso andar de mãos dadas na rua com outro homem.
Acho que os héteros não só não estão habituados, como também ainda têm forte o preconceito e a hipocrisia.
Enfim... essa é a sociedade maravilhosa em que vivemos. Não preciso nem lembrar da 'novela' que a globo fez para mostrar o suposto primeiro beijo gay numa novela (américa).
captalISMO, socialISMO, iluminISMO, renascentISMO, também não são doenças.
oi anonimo
esse ismo é diferente.
o ismo do post vem do grego ismós que designa doenças e patologias
Postar um comentário