3.10.10

MOMENTO CARRIE BRADSHAW - O CASAMENTO MUDA OS HOMENS, FISICAMENTE?

Eu sou aquele eterno loser que você vê nas comédias românticas, depois que um relacionamento chega ao fim eu passo um bom tempo deprimido, enquanto isso o Ex está desfilando por aí com um novo namorado que arrumou em tempo recorde. Ou então, ele está sozinho, mas mais lindo do que nunca, com sua beleza congelada no tempo e, agora, fora do seu alcance. E eu já me cansei de ser o outro cara, aquele que termina um namoro por baixo, fica na pior e precisa de tempo para se recuperar. Estava doido para ser, pelo menos uma vez na vida, o outro cara, aquele que termina um namoro por cima, sacode o pó e parte para outra no dia seguinte. Imaginando que essa seria uma das mais prazeirosas sensações barra doce vingança que alguém poderia sentir.
Entrei na fila para votar, hoje pela manhã. Na minha frente havia um casal. O rapaz não me era estranho, algo nele me fazia lembrar do meu ex-namorado (do mal) número 1. Mas não podia ser ele, ele se parecia com o jovem Keanu Reeves, atlético e charmoso. O cara na fila parecia, sei lá, um aborto que Rosie O'Donnell fez nos anos 1980. Seu pescoço se projetava do peito e não do alto do tórax, estava exageradamente dobrado para a frente como um proto humano "olha mãe, sou o primeiro hominídeo a andar ereto na savana africana", curvado como um velho de 200 anos de idade. Com bochechas de buldogue e olhos de rato, não era gordo, estava apenas deformado em várias partes. Não poderia ser o meu Ex, se fosse ele meu coração saberia (é assim nos filmes certo?). Parei de pensar nisso, era bobagem. Quando chegou a minha vez de votar ele saiu da sala e veio na minha direção, estendeu a mão para me cumprimentar.
Oh por Tutatis, era ele mesmo, o Quasímodo, o que aconteceu com ele nos últimos 17 anos? bem, soube que se casou há uns 10 anos, faz parte de seu disfarce de heterocara (razão pela qual terminamos). Eu sei que se nós ainda estivéssemos juntos eu nem ia notar tamanha mudança física nele ou deixar de amá-lo por conta disso, mas voltar a vê-lo depois de tanto tempo e de uma transformação desse porte foi chocante demais. Eu gaguejei.
-Eu, eu, (quem passou por cima de você com um trator?) eu nem te reconheci (foi uma plástica que deu errado?) você tá diferente (Mickey Rourke?), sim tá tudo bem, eu, eu tô bem.
Então foi isso? foi um aperto de mãos do tipo "sem ressentimentos" ou do tipo "manter as aparências"? eu não sei, sua esposa estava ao lado, nunca a vi, sempre a odiei, hoje tive pena dela. E lá estava eu, o outro cara, finalmente, o cara que saiu por cima, fisicamente falando, finalmente um Ex que ficou pra lá de feio a ponto de fazer com que eu me sentisse melhor (e superior a ele). Era ele quem fazia o olhar de coitadinho desta vez. Mas o que eu senti não foi uma sensação de prazer ou de doce vingança ou de satisfação, não foi nada disso. Eu ainda queria mais que um simples aperto de mãos. No fim das contas estar do outro lado não é tão legal quanto achei que seria. Não sou frio o suficiente e me preocupo com os sentimentos dos outros. Sou um babaca sentimental que prefere continuar sendo assim.

8 comentários:

ALESSANDRO SKYWALKER disse...

Branco total após o encontro, esqueci totalmente dos números que havia decorado,
acabei votando apenas para presidente, o único número que sobrou intacto na minha cabeça.

Becks disse...

Cara, é complicado isso! sorte q eu ainda estou no namorado numero 1!! [farei 6 anos no fim do ano!]

mas eu tenho uma teoria, de pq ele parece o quasimodo: vc mesmo disse q ele se fantasia de heterocara, essa fantasia e mascara q ele usa pesa demais. é um fardo, e ele carrega isso a bastante tempo. Terrivel.

e achei muito bom saber q não sou a unica q fica em casa chorando sozinha quando briga/termina com o namorado. eu tenho amigas q nao esperam nem o dia seguinte pra ir a balada. Eu fiquei os 6 meses q eu e meu namorado terminamos dentro de casa. Só saia pra ir no shopps, no mercado, coisas assim. E não CONSEGUIA olha pra ninguem.

Acho que é muito reconfortante saber q ainda existem algumas pessoas assim no mundo!!

queria falar mais com vc! adiciona no msn se tiver a fim de fofocar! moonlight_rgr@hotmail.com

Elielson disse...

Se te deu branco e você queria mais que um aperto de mãos, é porque você ainda não esqueceu completamente dele...mas com o tempo, isso passa. E você tem sorte, e eu, que nunca tive um namorado.

Ztav disse...

O que rola é não namorar.
Pra que se apegar, gente?
Pra isso, existem amigos.

Unknown disse...

Alessandro, legal ler esse seu post. Muitas vezes me senti como você descreve no início. E também não sou um babaca frio, não gosto de tratar os outros como se fossem algo descartável. Mas é muito ruim ser tratado como descartável. Acho que o que muitos de nós espera não é esse aperto de mão vazio, mas uma conversa franca onde se esvazia o peito das sensações ruins e ambas as partes reconhecem erros e acertos, e finalmente há uma leveza na alma. Mas ainda existem ex que conseguem ser bons amigos!

Unknown disse...

Ah, só uma sugestão, se um dia vir para o rio de janeiro em viagem dê uma passada numa livraria da travessa (sugestão a de ipanema), lá você encontra dvds de clássicos, trash, filmes pouco conhecidos, acho que você vai gostar de garimpar por lá, prepare o bolso antes de ir.
E em tempos de festival do rio, aqui vai a sugestão de um filme que vi e gostei muito (não sei se chega aqui em circuito): Bom Apetite (Bon Appétit), se conseguir ver pela internet conta depois aqui no seu blog o que achou. Não é temático.

Dimitri disse...

Rpz, é inerenre ao ser humano sua desvirtude de destruição e autodestruição, o desafio é: prevenção e manutenção... porem uma pessoa q tiver sempre boas intenções sempre enxergará e tentará fazer algo d produtivo para outrem, sem olhar a quem, ou seja, altruismo existe, só basta vc estar feliz (dessa forma a felicidade não é um fim)

E vc tbm ja deve ser relativamente experiente pra observar (com ajuda do senso comum) que tudo é valido, o importante seria não prejudicar ninguem...ou seja, ainda bem que ele ainda consegue manter o disfarce, se não for essa a razão de sua transformação...(releve intimidades q ñ existem, heheh)

(pilulas de filosofia...)

OBS: a manutenção deste blog é deliciosa...sempre acompanho e sua perspicácia literaria continua incrivelmente polida...

Anônimo disse...

Vai dizer que, lá no fundinho, não ecoou uma gargalhada sinistra?