AQUILO QUE ESTÁ POR VIR E ALGUMAS OPORTUNIDADES PERDIDAS

Há 100 anos atrás um heterocasal foi expulso de um bonde por ter trocado um beijinho num lugar público.
Eu sei que hoje as coisas estão andando mais rapidamente e ninguém quer esperar outros 100 anos para ver um homocasal se beijando no banco de uma praça pública, e um dia a gente vai olhar para trás e dizer coisas como: "no meu tempo os gays não podiam fazer esse tipo de coisa na tv".
Bem vindo ao futuro, existem personagens gays em filmes e novelas trocando beijos e protagonizando cenas bem picantes, bem, quem sabe na próxima década... , mas com certeza chegaremos lá.
O chato é ver tantas oportunidades perdidas numa época como a nossa em que pouca gente se atreve a correr riscos e gerar polêmicas mostrando o amor de dois homocaras na tv e nos filmes.
Já tivemos "brokeback mountain" e "do começo ao fim" nos cinemas e "queer as folk" na tv, mas o número de tentativas é infinitamente maior que o número de sucessos.

Que avanço, um casal gay em "vamos nessa", um filme voltado para adolescentes, mas não chegaram a trocar um único beijo, tudo bem, o fato de serem gays não é assim tão importante para a trama, valeu apenas pela lembrança.

Agora imagine se Russel Crowe tivesse seguido o livro á risca e bancado o bissexual nas telonas em "uma mente brilhante", papel de gay ele já havia feito antes (e muito bem), devemos apenas culpar o roteirista, e pensar que o cretino levou o oscar pelo filme...

Agora imagine Tom e Brad tão íntimos quanto os vampiros do livro "entrevista com o vampiro", até o vampiro de Antonio Banderas demonstra ter uma quedinha por Brad, o momento em que Tom morde Brad no livro parece uma cena de sexo com um orgasmo no final, no filme eles são frígidos demais.

E que tal o Aquiles de Brad Pitt se enroscando em seu primo Pátroclo em "Tróia"? No livro Aquiles ficou louco quando seu primo e amante morreu , eles acabaram sendo enterrados juntos e seus ossos misturados, um costume reservado para os heterocasais de antigamente.

Que piada não? por conta de uma comparação entre Ben-hur e Ganimedes no livro "Ben-Hur" o filme ganhou um tom homossexual por parte de Messala. O plano é o seguinte, Messala e Ben-Hur deviam ter brincado de médico quando eram pequenos, Messala troca longos olhares com Ben no filme de 1959, todo mundo sabia do lance gay do personagem, mas ninguém contou ao Charlton Heston, ele teria desistido do filme.

Que raiva, Ryan Phillippe demorou demais para entrar no quarto onde Joshua Jackson seduzia Eric Mabius em "segundas intenções", pelos gemidos que se ouvia através da parede a coisa tava pegando fogo e nós não vimos nada!

Dizem que o Ripley de Matt Damon é muito mais gay que o Ripley do livro, mas bem que a gente queria que Matt tivesse sido um pouquinho mais ousado para cima de Jude Law ao invés da curta e sem graça piadinha da banheira, é claro que Jude não corresponderia mas Matt podia ao menos dar uns abraços e tapinhas nas costas, se aproximar mais fisicamente, quem sabe um banho juntos com uma "ensaboada hetero".

Ah sim, "três formas de amar" foi o mais ousado que se podia ser nos cinemas em 1994, heterossexo em todo canto, mas nada gay á vista, nem mesmo um beijo.

Uma bem vinda inovação, um personagem gay em "melrose place", chegamos ao fim de uma temporada e toda a América pára pra ver o final, e lá está um beijo gay que ficou nas sombras, a camera saiu andando e foi focalizar o Billy espiando Matt e seu pseudo-ex-namorado pela janela.

Mais uma vez o filme pode se desculpar dizendo que a sexualidade dos personagens pouco importava para a trama do filme "fetim diabólico", como em "vamos nessa". Mas todos nós sabemos que os caras eram gays, todos no estúdio sabiam, até o diretor Alfred Hitchcock, mas ninguém podia comentar isso, a censura acabaria com o filme. E vamos ser realistas, se lembra do assassino gay de "o silêncio dos inocentes"? grupos gays protestaram contra o filme na época, não queriam ver homocaras como assassinos nos cinemas, mas 'festim diabólico' todo mundo perdoa, vai entender.

Então temos Keanu Reeves e River Phoenix se pegando em cenas de sexo em "garotos de programa", mas o diretor Gus Van Sant resolveu usar cenas congeladas (na verdade os atores é que estão imóveis) e poses nada eróticas, foi meio bobo e a gente ficou na vontade.

E por fim, sim é claro o Brasil é sempre o último em tudo, some umas duas décadas ao homofuturo perfeito e finalmente teremos gays se beijando , de boca fechada, na tv brasileira. O que é bem estranho uma vez que boa parte dos escritores de novelas brazucas são gays, o que eles estão fazendo afinal? alguém aponta uma arma para suas cabeças enquanto escrevem uma novela?