ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS

Quase que se poderia dizer que este é o equivalente ao HOOK de Steven Spielberg, quando tenta ser mágico e apaixonante força a barra e fica meio falso. O filme é puro Tim Burton no visual, pode-se vê-lo também em determinados personagens mas no geral o roteiro não é a sua cara, não é o tipo de filme no qual se possa dizer "Hey Tim teve a maior liberdade de criação".A história tenta agradar adultos e crianças mas isso acontece separadamente durante o filme, ele também dispensa apresentações de personagens, é uma "parte 2" que vai direto ao assunto, quer você conheça o livro quer não.

Alice está com 19 anos e recebe uma inesperada proposta de casamento, ela pede um tempo para pensar e sai correndo, entra na toca do coelho e volta ao país das maravilhas , que já visitou quando criança mas até então podia jurar que havia sido apenas um sonho. O lugar está em ruínas, a rainha vermelha agora tem um dragão de estimação que a ajudou a tomar o país e a coroa de sua irmã, a rainha branca.

VISUAL ADULTO, HISTÓRIA PARA CRIANÇAS

Os habitantes formam uma espécie de aliança rebelde contra a rainha em segredo, e esperam por uma profecia que diz que Alice irá matar o dragão e salvar a todos. O filme se perde quando se afasta demais dos livros parecendo, em certos momentos, mais um clone medieval de "o senhor dos anéis". A trilha de Danny Elfman, a direção de arte, cenários típicos de Tim Burton e os incríveis efeitos especiais fazem valer o filme, ainda mais por terem a famosa assinatura do diretor que a gente já conhece de outros filmes (note que a árvore, por onde Alice entra no país das maravilhas, é a "árvore dos mortos" do filme "a lenda do cavaleiro sem cabeça", ela também está no poster acima). Em Imax o filme agrada, pode-se viver sem o 3D e a dublagem deixa a desejar, Alice está com uma voz de uma menina de 10 anos e Johnny Depp fala com a língua colada nos dentes. Poupe dinheiro e veja o filme legendado numa tela de tamanho normal e sem o 3D , o filme funciona muito bem sem isso. Se Tim não estivesse comprometido com a Disney ele poderia ter simplesmente feito uma versão em filme do jogo ALICE, de Wes Craven (criador de Freddy Krueger), nesse jogo Alice vê sua família morrer num incêndio, fica deprimida, tenta se matar cortando os pulsos, é internada num sanatório. Anos depois, catatônica, é levada pelo coelho branco de volta ao país das maravilhas, devastado pela rainha de copas, um lugar de pesadelos onde ela avança cortando os inimigos com uma faca. Burton (ou Tarantino) teria feito um filmão com esse jogo, mas este filme apenas passa de raspão por ele.