16.10.17

CAÇADORES DO FILME PROIBIDO


E aí, acidentalmente, descobri que meu primo tava numa fase interessante. Por alguma razão, não consigo nem imaginar isso, ele começou a sentir tesão ao ver dois caras fazendo sexo num filme, oh estou horrorizado. A gente tava na locadora e ele puxou um vhs qualquer revelando os filmes que estavam do outro lado da estante, formando o corredor fechado dos filmes eróticos. A gente não podia entrar ali (-18).
Ele acabou descobrindo a estante de filmes gays. Viu as fotos de um filme na contra capa, deu risada, mas achou interessante ver dois homens fazendo aquilo. Resolvi explorar esse novo lado do meu primo.
Eu tinha várias fitas eróticas em casa, compradas em bancas de jornal do outro lado da cidade (eita caminhada). Então eu disse pra ele que tinha uma fita gay, que, acidentalmente, veio junto com um pacote fechado de filmes e eu nem havia notado
Ele pediu o filme emprestado.
Alguns dias depois, festa na casa da minha tia. Passei por um corredor cheio de convidados e entrei no quarto do meu primo, ele era rico, tinha um vídeo cassete no quarto (oh!). Eu perguntei pra ele - cadê a fita? (no meu quarto elas ficavam num lugar secreto), eu queria saber o que ele achou do filme. Aí ele apontou pra estante, o filme estava entre vários outros VHSs, ali, à mostra, eu fiquei horrorizado.
- Ah, mas a caixa está ao contrário, ele disse, ninguém vai ver o nome do filme.
Hora de usar meu poder de ver o futuro. Minha tia vai achar o filme, ela vai ficar maluca. Ela vai perguntar onde meu primo conseguiu a fita. E eu o conheço muito bem, ele vai contar a verdade. No dia seguinte, minha tia (e o filme) vai aparecer aqui em casa, pra bater um papo com meus pais. Conclusão: eu tô ferrado.
Estava na hora de criar um futuro alternativo. Vou levar a fita de volta pro meu quarto. Coloquei o filme embaixo da camisa. E agora? Não posso ser pego com ele. Escondi a fita dentro de uma churrasqueira abandonada nos fundos, no fim da festa eu pego ela. Algum tempo depois, vi algumas crianças brincando com a churrasqueira. Consegui recuperar a fita, ninguém me viu, e voltei para dentro da casa. Eu não podia mais continuar na festa, precisava voltar pro meu quarto, era o único local seguro.
Certo, fazer esse caminho hoje é moleza. Mas naquela ocasião, não era não. A casa da minha tia era a última da rua, mó fim de mundo. Não havia iluminação pública, mó escuridão. Do outro lado da rua, o muro do cemitério ainda não existia, apenas uma cerca de arame com buracos enormes. Resumo, era tudo mato.
Lá estava eu, subindo a rua escura, tarde da noite, tremendo de medo. Alguém avisou minha mãe sobre a minha ''fuga'' e ela pegou o carro e veio atrás de mim. Ela parou ao meu lado (também não havia calçadas ali), escondi o filme nas costas. O que fazer agora? Eu não podia entrar no carro com o filme. Joguei, discretamente, a fita no mato.
É claro que voltei lá, no dia seguinte, pra procurar o filme. Mas, à luz do dia, eu não sabia dizer onde eu havia jogado ele. 
Tentei me consolar. O filme era uma paródia do seriado Chips e o protagonista não era nem um pouco parecido com o Erik Estrada, transava bem, mas não lembrava o ator.
Ugh, também perdi o bolo ...
 

2 comentários:

Anônimo disse...

E este seu primo hoje em dia? Gay? Bi? Hétero?

ALESSANDRO SKYWALKER disse...

HT, até onde to sabendo, não tenho mais contato