ORIGINAL VS REBOOT

Esse foi o filme que levou quase três décadas para sair do papel. Teve um roteiro rejeitado pelo próprio Stan Lee porque, na trama, o herói matava um policial. Passou pelas mãos de James Cameron e se tornou a maior promessa de 1999. Mas foi só em 2002 que o Aranha viu seu primeiro filme de responsa nos cinemas, é melhor nem mencionar os clássicos da década de 1970 (Homem Aranha o filme (1977), Homem Aranha o desafio do dragão (1979) e O retorno do Homem Aranha (1978).

A história do personagem não foi alterada, para a alegria dos fãs, como o próprio diretor Sam Raimi. Blá blá blá tio Ben morre blá blá blá picada de aranha e deixa o bandido escapar blá blá blá não necessariamente nessa ordem. Mas o filme quis ser mais realista. Temos uma aranha geneticamente alterada e teias orgânicas saindo do braço do ator, a gente teve que se acostumar com isso ("como um adolescente conseguiria fazer um tipo de adesivo que nem mesmo a 3M consegue?". Essa foi a desculpa que a gente ouviu na época). Mas a maior sacada do filme é o personagem principal, não o herói, mas sim Peter Parker, o filme é sobre ele. Esse foi o segredo do sucesso do gibi, na década de 1960, um cara com quem a gente pode se identificar facilmente. Logo, gastando vários minutos na descoberta dos poderes, e pensando no que fazer com eles, esse filme acabou se tornando o melhor filme de super-origem já feito. E foi no melhor momento possível, atores digitais já estavam se espalhando pelos filmes, só assim para se fazer o Aranha voar pelos prédios. Destaque para o famoso beijo-aranha.

O reboot chegou cedo demais e ele reconhece isso. A origem do herói é recontada rapidamente, em comparação ao filme de 2002. Mas surge algo novo, Peter não quer ser um herói. Ele quer apenas caçar o assassino do tio Ben. A clássica lição "grandes poderes trazem grandes responsabilidades" é algo que ele vai ter que aprender sozinho. Ele acaba se tornando um herói após salvar algumas pessoas numa ponte, depois de um ataque do vilão Lagarto. Aí o filme começa a andar mais rapidamente, ele já se livrou do lenga lenga da origem, que ainda está bem fresco na nossa memória (poderia ter sido um Homem Aranha 4, e por que não?) e o herói já começa a fazer piadas, já conhece todos os poderes e faz todas as famosas poses do gibi. E acaba se saindo bem melhor nisso que o Aranha digital da primeira trilogia, uma vez que optaram por usar dublês nesse reboot. Os fãs mais nostálgicos agradecem pela volta dos lançadores de teia e pela presença de Gwen Stacy. O filme ainda criou toda uma teia de mistérios ao redor dos pais de Peter e ganchos para uma sequência (você viu a cena adicional nos créditos finais?). Mas como o reboot chegou cedo demais, não tem aquela cara de novidade, não importa o quanto ele tenta inovar. Mas, sim, tem seus méritos.