A VIDA SEXUAL DE MARIA BETHÂNIA NO CINEMA

Eu tenho certeza de que você já passou por isso. A gente entra no cinema, o filme ainda não começou, as luzes estão acesas e uma música está sendo tocada ao fundo. Música? Dá para chamar aquilo de música? Eu não sei de onde essas "músicas" estão sendo desenterradas. 

A sala estava quase vazia, eu cheguei cedo. Havia uma mulher com uma criança num canto e um homem com outra criança em outro canto. Ninguém estava conversando, era muito fácil ouvir a música que vinha das caixas de som.

"Você está ouvindo a rádio Cinemark Trama"

E entrou Maria Bethânia, com uma de suas famosas canções de dor de cotovelo. Ouvir aquilo no cinema, era de doer. A cantora seguinte, Marisa Monte (será??), estava deitada nua no chão, chorando, e o chão frio fazia seu mamilo endurecer. A mãe da criança se revoltou:

- Meu deus - ela disse para o pai do outro lado da sala - a gente veio aqui pra ver um desenho animado e eles passam esse tipo de música?

"Você está ouvindo a rádio Cinemark Trama", e começou mais uma. Outra cantora, outra música do tipo LADO E (você tem que virar o disco 4 vezes para encontrar essa faixa). A mulher estava triste porque seu amado foi embora. Ela era espancada por ele (my name is Luka...?), e agora está sentindo falta disso. Eu ri alto.

- Pelamordedeus gente, o que é isso? A mãe disse. Eles deviam tocar uma música clássica qualquer, seria bem melhor e relaxante. 

O filhinho dela disse ueba quando a rádio finalmente foi desligada.

As luzes foram apagadas e surgiram vários trailers dublados, era uma sessão livre, certo? Mas alguns filmes eram para adultos. Ainda assim, o esquema dos trailers foi bem mais elaborado que a programação musical, que é sempre a mesma em todas as salas. Se a rádio Cinemark Trama tem uma programação infantil, eu não quero conhecê-la.