DICAS PARA CURTIR A NUDEZ SEXY DE JUDE LAW

Por conta do sucesso da Gê magazine, na virada do século haviam várias revistas direcionadas ao público gay circulando pelo país. Uma delas era a HOMENS, que durou alguns anos. O conteúdo da revista era raso, seu maior atrativo eram os ensaios, alguns eram importados, outros eram mal feitos, muitos modelos eram feiosos. Na edição de maio de 2000, pintou um mineiro chamado "Alan" na capa. Olhos azuis, cabelos pretos, meu tipo. Algum tempo depois, ele se tornou ator de filmes eróticos gays. Até a "planet sex" lançou alguns de seus filmes em dvd nas bancas.

Mas o que mais me chamou a atenção nessa capa foi um texto ao lado do cara: dicas para curtir a nudez sexy de Jude Law.
Tentador não?

Não importa a sua idade, comprar uma revista gay numa banca de jornais não é nada simples. Bem, hoje é bem simples, pois faço minhas compras lá na capital. Mas em 2000, eu tinha poucas opções. Que tal a banca que fica na minha rua? sem chances. Na banca do Tião? impossível, ele me conhece, passo por lá todos os dias para comprar HQs. Eu precisava de uma banca de jornais que preenchesse alguns pré requisitos.

a) o dono da banca não me conhece
b) a banca fica beeem longe da minha casa

c) o dono da banca tem que ter uma cara amigável, e não cara de homofóbico psicopata.

d) se ele fizer o tipo "olha para a revista e depois olha para a minha cara", nunca mais volto lá.

Isso me fez sair da minha cidade e atravessar outras duas a pé. Eu encontrava uma banca, não ia com a cara do jornaleiro, e seguia meu rumo. Encontrava outra banca mas não encontrava a tal revista. Depois de tanto andar, e eu ainda teria todo o caminho de volta pela frente, e eu não conseguia dar mais nenhum passo, resolvi engolir minha timidez na banca seguinte. Não consegui, prometi fazer isso na próxima, e fui adiando e adiando. Fiquei com muito ódio de mim mesmo, entrei numa banca, peguei a revista e a atirei no balcão com muita fúria, assustando o velhinho da banca, saquei o dinheiro (6 reais) e fui embora sem pegar meu troco (0,10), tudo em menos de 15 segundos.

Dentro da revista, uma mini biografia de Jude Law e uma única foto do cara, com roupas. Dicas? Nudez? Nada de nada. Eu devia ter jogado essa revista fora, mas minha jornada precisava de algum tipo de recompensa, mesmo que fosse pequena. Imaginei que, sempre que olhasse para essa revista, me lembraria daquele maldito dia. Faria de tudo para que aquilo não se repetisse.
Ao fazer uma rápida e localizada faxina na casa, hoje pela manhã, me deparei com a revista, e a memória daquele dia voltou à minha mente.
Propaganda enganosa? Timidez? Tênis apertado? Medo de exercer sua homossexualidade em público?