MEU NAMORADO E O BURACO NEGRO

Entrei na era do dvd um pouco decepcionado. Meu aparelho da Gradiente me custou uma pequena fortuna e ele era enorme, muito maior que os video cassetes que eu já tive. Estranho, normalmente a tendência das novas tecnologias é diminuir de tamanho e não aumentar. Aquele aparelho ficava lado a lado com o VHS na estante e era difícil dizer qual era qual. Pouco tempo depois comprei um aparelho mais fino da Sony, ocupava um espaço bem pequeno em comparação, então me livrei do trambolho da Gradiente vendendo-o para o meu namorado na época. Comecei e lhe emprestar filmes também. Um dia ele me devolveu apenas a caixa de um dvd, cadê o disco? ele não fazia ideia.
Como ele morava na capital a gente só se via uma única vez por semana, ele tinha sete dias para encontrar o meu filme e revirou seu quarto atrás dele. Pior, ele também havia perdido os DVDs da locadora onde ele trabalhava (namorando um balconista de video locadora? só eu mesmo). O que estava acontecendo? como alguém perde um dvd? a gente o tira da caixa, vê o filme e no final põe de volta no lugar. Acontece que o cara tinha essa mania de deixar os discos dormindo dentro do aparelho e desligava tudo, ele não os guardava de volta na caixa.
Não sei o que passou pela cabeça dele mas ele resolveu abrir o player e encontrou todos os discos perdidos lá no fundo. Ele me mostrou e eu não acreditei, havia um enorme espaço vazio lá dentro, ocupando quase a metade do tamanho do aparelho. Ele poderia ser bem menor se não fosse por esse imenso vazio. Um espaço tão grande que acomodava todos os discos que, de alguma forma, se soltavam e iam parar lá. Pergunta, por que alguém iria projetar um aparelho quase que praticamente oco? todas as placas de circuitos ficavam numa metade e o vazio ocupava a outra. Será que tá explicado o preço alto? Desde então dou uma checada nesse tipo de coisa, espiei o interior do meu aparelho de som, ainda na loja, pelos buracos de ventilação, para saber se não estava sendo enganado novamente.