Fabiano e Ricardo, esses dois adoravam brincar. No banheiro da escola faziam o joguinho do ''mostra o seu e eu mostro o meu''. Eram vizinhos. Passavam muito tempo juntos. Haviam outros joguinhos fora da escola? Eu tava naquela idade especial, os garotos ao redor estão descobrindo seus corpos, é moleza tirar uma casquinha de um heterocara qualquer, eles levam tudo na brincadeira. Então comecei a brincar com os dois no banheiro da escola, mas a coisa tava avançando num passo lento demais pro meu gosto (hey, no ano anterior fiz sexo com o professor de educação física. É uma ótima maneira de tirar uma boa nota no futebol sem nem sequer saber jogar futebol. Até hoje não sei).
Aí pintou um trabalho em grupo (eu odeio trabalho em grupo, eu sempre acabo fazendo o trabalho todo). Mas a professora me colocou num grupo ao lado do Fabiano e do Ricardo, eu adoro trabalho em grupo agora. A gente tinha que ler Moby Dick. Quando passamos pela biblioteca, levamos um susto, aquela coisa tinha mais de 500 páginas (naquela época, eu ainda não curtia livros). Então resolvemos alugar um filme. Tinha um filme com o Gregory Peck, um Moby Dick de 1956. E o Fabiano era rico, ele tinha um vídeo cassete, a gente ia ver o filme na casa dele (só que eu não acreditava nisso).
Eu tomei um super banho antes de sair de casa, minhas pernas estavam tremendo, wow eu vou fazer sexo a três hoje (daonde eu tirei isso?). E não havia ninguém na casa do Fabiano, só nós três, perfeito. Começamos a ver o filme. Comecei a pensar num plano, estava nervoso demais, outra pessoa poderia tomar a iniciativa? O Fabiano fez isso, depois de alguns poucos minutos de filme.
- Ricardo, vem aqui no meu quarto, quero te mostrar uma coisa.
A porta fechou, eu fiquei lá, na sala, sozinho. Quando essa baleia vai aparecer? Aí um pequeno Alessandro de pijama vermelho apareceu no meu ombro - ''Sabe de uma coisa? Eles estão fazendo sexo, lá dentro, neste exato momento !!!''.
Não não não não não não não não era esse o plano. Me levantei e corri até a porta do quarto. Vocês estão perdendo o filme, eu disse. Depois você conta pra gente, um deles respondeu.
Olhei pelo buraco da fechadura. Vi uma parede. Olhei por debaixo da porta. Vi uma peça de roupa no chão. Ah, colé, é um quarto de menino, diferente do meu existem peças de roupa largadas pelo chão o tempo todo. Não. Espera. Um dos dois estava usando aquela camisa ali? Eu não me lembro, estou enlouquecendo aqui. Corri até o quintal e tentei olhar pela janela, muito bem fechada. Voltei para dentro e tentei ouvir alguma coisa colando o ouvido na porta.
@$#%&# o volume da tv tá muito alto, maldita baleia. Opa, esse som, alguém se mexendo numa cama. Depois não peguei mais nada. Voltei pro sofá e fiquei vendo o filme com o cérebro no modo ''zumbi''. Um pouco antes do final, a porta do quarto abriu.
- O que vocês estavam fazendo lá? - não resisti, estava explodindo por dentro. Não acredito que fui deixado de lado.
- Eu só tava mostrando pro Ricardo algumas revistas.
- Que tipo de revistas?
- Ah, você é novo demais pra essas coisas.
Novo demais? Defina ''novo demais''. Meu aniversário é no final do ano, aí vamos ter a mesma idade. Novo demais??? Enquanto vocês estão se masturbando no quarto com revistas eu estou na escola recebendo sexo oral de um professor, novo demais?
Pra variar, lá estava eu fazendo o trabalho todo sozinho. E eu nem me lembrava do filme. Mas eu dei sorte, a professora nem sequer leu o livro. ''Olha, não acontece muita coisa. Um cara quer se vingar da baleia que comeu seu pé. Ele encontra a baleia, ela ataca o navio e todo mundo morre. Moral da história: vingança é uma coisa muito ruim''.
Todo mundo morre? Não. Eu me esqueci do Ismael. Ele voltou pra casa boiando num caixão. Teve um dia melhor que o meu.
4 comentários:
Nuss! A frustração daquela época chegou até aqui, neste momento de leitura dessa história.
ah, os tempos de escola...
Conte sobre o professor.
Que conto mais idota.Sem nexo
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