Há muito tempo, quando eu fechava os olhos e me deitava numa cama de rosas com Jon Bon Jovi, quando eu ainda tava na fossa por conta do meu namorado, que resolveu dar uma de hétero para agradar a família, eu conheci um cara interessante na fila do cinema. Rapaz, como era lindo. Difícil acreditar que ele estava ali, ao vivo. Puxou conversa comigo na fila, se sentou ao meu lado no cinema e depois saímos de lá juntinhos. Passamos a tarde toda juntos, andando pelo centro da cidade. Conversamos bastante, a gente tinha um milhão de coisas em comum, fomos feitos um para o outro. Eu precisava voltar pra casa, ele me acompanhou até o ponto de ônibus. Quando eu tava quase embarcando, ele me puxou e me passou seu telefone. Legal, o lance é sério.
Agora eu tava me segurando, nada desse negócio de se apaixonar em cinco minutos, isso é perigoso. Consegui resistir ... por 12 horas. Peguei o telefone, liguei pra ele e descobri que o número era falso. Eu não entendi aquilo, repassei mentalmente o dia anterior, em detalhes, tentando entender o que eu havia feito de errado.
Na semana seguinte, outro bonitão se aproximou de mim no cinema. Foi a mesma história. Eu tava desconfiado, com o pé atrás. Mas depois de muita conversa, fiquei mais tranquilo. A gente tinha muita coisa em comum. Trocamos telefones e marcamos outro encontro. Eu o visitei em seu ap, até passei a noite lá. Alguns dias depois, resolvi aparecer de surpresa. Fui recebido pelo cara com quem ele dividia o apartamento. O amigo disse que ele estava fora, mas que voltaria em algumas horas. Sentei e esperei. O amigo ficou com pena de mim e abriu o jogo - na verdade ele tá na casa do namorado, mas olha só, ele me disse que vai terminar com o carinha pra ficar com você.
Oh, como fiquei feliz ao ouvir isso, só que não. Fui embora e nunca mais liguei pra ele. Os dias passaram, eu me afundei na solidão. E o golpe mais devastador aconteceu no meu cinema favorito. Eu vi o cara do telefone falso e o cara do ap juntos na rua. Eles formavam o homocasal mais lindo que você já viu. Eu não sabia o que deveria estar sentindo naquele momento: raiva, ciúme, inveja ... veio tudo isso de uma só vez, causava uma dor terrível no peito e no estômago. E eu, ainda por cima, estava me culpando pela situação.
O tempo passou, a dor foi sumindo aos poucos. Fui ver o terceiro Jurassic Park no cinema, sozinho como de costume. Encontrei um amigo na saída, ele adora uma fofoca. Mencionou dois nomes que eu não esperava ouvir novamente nessa vida - eles estão completando oito anos juntos, não é fofo?
A dor voltou, voltou tudo. De uma maneira ou de outra poderia ser eu, namorando, há oito anos. Onde eu encontro uma cabine de suicídio nesse xópim? A coisa ficou mais tolerável pra mim quando eu soube que havia um garoto de programa envolvido nesse casamento. Certa noite, andando de carro pelo centro com uns amigos, alguém apontou pro tal garoto de programa. Lindo de morrer, pra variar. Quem tava traindo quem? Eu nunca soube.
Semana passada eu vi um dos dois num super mercado. Não senti nada. Meu namorado chegou no dia seguinte, a gente tem um milhão de coisas em comum, mas ele é uma boa pessoa.
Alessandro e Anselmo, um ano, nove meses, e contando.
7 comentários:
Felicidades :)
<3
Que venham muitos e muitos anos e meses!
Noss'sinhora! Isso aconteceu assim mesmo ou essa história é um conto que você criou? Porque parece ficção, tipo comédia romântica daquelas que a gente quer assistir de novo, se emocionar outra vez, mas ter a certeza de que vai terminar bem.
putz que lindo.
Leaoxescorpiao
eu acho que eu seria péssimo escrevendo ficção
Vocês são lindos juntos! Parabéns!
ac.ac.
Sempre soube que ser uma boa pessoa me renderia algo bom um dia!
hoje: um ano, nove meses e três dias!
❤ x 1000
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