31.5.13

A MULHER DE PRETO


E aí pegamos um pedaço de papel e escrevemos: foto roubada, ainda vou te pegar ladrão.
A gente tinha certeza de uma coisa, eram garotos de uma escola próxima. Eles entravam na locadora e ficavam rondando a seção de filmes para adultos. Quando ninguém estava olhando, eles roubavam o encarte de uma fita e escondiam no meio dos livros. Tente alugar um filme erótico sem o encarte, você não sabe o nome do filme, não sabe quem está nele, não pode ver nenhuma cena, nada. A gente ficava no maior prejú, por que não roubavam a fita logo de uma vez?
O jeito era fazer vista grossa. Ficar de olho em cada garoto com uniforme escolar. Um deles entrou na locadora naquele dia e eu comecei a seguir seus passos com os olhos. Um homem entrou na seção XXX e o garoto foi atrás dele. Lá vou eu:
- Você não pode entrar aqui, blá blá blá, somente maiores de 18, blá blá.
O garoto foi embora. Voltei pro meu posto, enquanto as meninas estavam no balcão. A Juliana notou algo estranho e me chamou. Havia um cara com uma fita nas mãos, andando para lá e para cá. De vez em quando, ele olhava rapidamente para o balcão, e continuava andando. Estava levando o filme para passear pela locadora. Olhava para outros filmes, mas não pegava mais nenhum além daquele que estava carregando embaixo do braço.
- Eu acho que ele quer sair daqui com o filme - disse a Juliana.
Ah que legal, além do ladrão de encartes, temos também um ladrão de filmes. A Ju ficou seguindo o homem com os olhos, e eu fiquei na porta bloqueando a saída. Ele se aproximou do balcão, a Aletéia deu um passo para a frente, ele recuou. Vi isso acontecer várias vezes. Ele dava um rasante pelo balcão, batia o olho na Téia e voltava para o meio das estantes de filmes.
Ele tava com medo dela? Bom, não me surpreende. Téia estava na sua fase vamp, na calada da noite preta (sem admitir que estava acompanhando aquela novela). Certo, vamos dizer que o homem está com medo da loirinha de batom preto, mas, se ele quer alugar aquele filme, por que não chega perto da Juliana?
Outro rasante pelo balcão. Vamos trocar nossas posições então. Téia foi até a porta e eu fiquei no balcão. Sem problemas, ela começou a limpar as unhas com o canivete, ela pode guardar qualquer porta.
Assim que pisei no balcão, o homem veio na minha direção, que susto, e colocou o filme na minha frente. Ok, é um filme erótico, e? A ficha caiu segundos depois. Ele tinha vergonha de levar o filme até o balcão e ser atendido pelas meninas. É por isso que a gente dificilmente vê uma mulher no balcão de uma sex shop, mó complicação.
Ele pegou o filme e eu fiz um sinal pra Téia - deixa ele passar. O cara já estava suando de tanto andar pela locadora.
No dia seguinte ele pegou outro filme, comigo, e foi rapidinho. Aí eu contei pras meninas o que é que tava rolando. Téia resolveu se divertir. O cara ia até o balcão e ela pulava na minha frente, o cara dava meia volta e ela dava risada.
- Vamos ver quantas horas ele aguenta, ah ah ah ah.
Entramos na brincadeira e rimos bastante. Téia não ficava cansada, eu e a Ju começamos a sentir pena, bem, a Juliana nem tanto, filme pornô é pecado, mas eu já estive naquela situação antes. Téia deu uma trégua e o homem foi embora.
Fim da brincadeira. Em algum momento, alguém entrou na seção reservada e roubou mais um encarte.

3 comentários:

ALESSANDRO SKYWALKER disse...

Senhoras e senhores,
Vange Leonel.

http://www.youtube.com/watch?v=cgDaUZtSQJo

gersonson disse...

vcs deixavam a fita dentro da caixinha?em todas as locadoras que eu alugava eles deixavam as fitas dentro de uma caixa atras do balcão,algumas locadras a caixa era xerox do original,outras com o logo da locadora.

ALESSANDRO SKYWALKER disse...

sim, mas só no inicio, antes da moda de comprar várias cópias de um único filme, os eróticos foram os últimos porque não havia esse tipo de procura pra esse tipo de filme, ou espaço no balcão que era bem pequeno, mas a locadora foi crescendo aos poucos.