O AMOR É ASSIM, CHARLIE BROWN

Hoje não foi um dia 100% divertido, eu posso esquecer numa boa o mega congestionamento na entrada para São Paulo hoje cedo, mas não estou no clima para ver casais de namorados se agarrando em lugares públicos. Entrei numa livraria (não encontrei o livro que procurava mas comprei dois dvds e um blu) e vi dois caras sentados num pufe, abraçados, lendo um livro juntos, mó romance.
Quando entrei no cinema, estava parabenizando a mim mesmo por ter conseguido sair de uma sala de cinema, e ter atravessado a cidade de metrô, para chegar em outro cinema, para ver outro filme, com dez minutos de folga. E lá dentro, do meu santuário, havia outro homo casal. Enquanto o filme não começava, eles se beijavam, mó love, sem se importarem com as pessoas que estavam entrando e dando de cara com eles logo ali na frente.
Ah, que inveja, eu gostaria de estar fazendo a mesma coisa, nada de chocar as pessoas, e sim mostrar um pouco da nossa normalidade, quero dizer, educar os heterocaras. Certa vez, atravessei boa parte da Avenida Paulista, em 2003, de mãos dadas com meu namorado do mal número 2 e sinto falta disso agora. Estou sempre vendo isso na capital, homo casais de mãos dadas na rua. Se fosse na minha cidade o povo já teria formado uma multidão com archotes e forcados.

Houve uma vez, em 2009, indo na direção de um cinema, eu vi dois gays menores de idade. Não deviam ter mais de 16 anos. Eram namorados e subiam, abraçados, pela escada rolante. Foi a coisa mais linda que já vi. Essa nova geração não está perdendo tempo. E eu não estou fazendo nada para melhorar minha situação, deveria estar casado a essa altura. O mais trágico é que muitos gays, da minha geração, ainda estão no armário. Não posso conhecer suas famílias e nem podemos ser vistos em público, todos os encontros precisam ser secretos, coisa de espião (alguém seguiu você até aqui?).
Casais apaixonados, eles estão por toda parte, fazendo a gente entrar em depressão. Morram malditos, não me convidem para o casamento, mas se puderem jogar o buquê na minha direção...