OS TRÊS PIORES FILMES DE 2002 (+18)

- Eu não sei se você já viu esse filme.
- É um filme erótico? eu perguntei.

- Não. É um filme comum. O rapaz tá na banheira e aí o tio dele chega e pinta um clima e os dois fazem sexo.

- E é isso que você quer fazer?

- Sim, eu fico na banheira e aí você entra e ...

Opa !!

- Acha que eu sou velho o bastante pra ser seu tio? - fiquei ofendido. Se bobear, temos a mesma idade.

- É só uma brincadeira, seu bobo.

Aí ele abriu a válvula e ficamos lá, esperando a banheira encher. Aquilo levou uma eternidade. Tentei puxar conversa quando o silêncio se tornou desconfortável demais. E a gente não tinha nada pra conversar, agendamos um encontro sexual e nada mais.

Finalmente a banheira encheu, e eu fui entrando na água, e ele me fez parar.

- Não. Assim não. Eu entro na banheira, fico aqui, e você entra no banheiro depois. 

- Me conta como era o bendito filme preu saber o que devo fazer, passo a passo.

Ok, tive que vestir a roupa e sair do banheiro. Já tava me sentindo meio estúpido com aquela encenação toda.

Minutos depois, nós dois estávamos na água e, durante o sexo oral, a boca dele começou a sangrar.

- Me desculpa. Eu tô com um problema na gengiva.

Lavar o meu pênis não foi o suficiente, havia muito sangue na água. Parecia um filme de terror.

- Quando foi a última vez que você foi ao dentista? eu perguntei.

Ele ficou vermelho. Certo, já faço uma ideia. Puxamos o tampão e a água desceu pelo ralo junto com o clima.

- Espero que você não pense que sou algum tipo de anormal.

- Que nada - eu disse. Fantasia de estupro é bastante comum. Até os héteros fazem isso.

Mas aí eu comecei a pensar, se esse cara gemer alto demais, os vizinhos vão ouvir. Ah, tudo bem. Não são meus vizinhos, são os vizinhos dele.

Não demorou muito e eu notei que era bem difícil entrar e ficar no personagem. Eu tinha que render o sujeito de alguma maneira.

- Você podia parar de se debater? Só por um minuto?

Não consegui me lembrar de nenhum filme no momento. Então comecei a pensar em OZ. Não vai ser muito sexy, e eu também não estou sendo pago pra isso, então nada de indicação ao Oscar.

- Por que parou? ele perguntou.

- Estou pegando uma camisinha.

- Ah, mas estupradores não se preocupam com isso.

Certo, não sirvo pra esse papel também. Próximo.

Pai e filho? Ok. Já fiz isso várias vezes. Mas desta vez havia um roteiro mais complexo. Meu personagem não precisava fazer muita coisa. Eu ficaria na minha, no ''meu quarto'', esperando por um certo visitante noturno. E aí ele entrou no ''cenário'' e pulou na cama.

- Eu quero ouvir você gemendo bem alto. Sua mãe está lá no quarto dela e eu quero que ela ouça.

Eca. Meteu a mãe no meio, pra mim acabou. Aí eu fiquei pensando. O que foi que a velha aprontou pra merecer isso? Fiquei esperando por mais detalhes. Mas o diálogo seguinte foi:

- Você sabe por que você está sendo castigado, filhão?

Essa me pegou de surpresa. Não consegui pensar em nada. Não levo jeito pra improviso. Hum, ele tá esperando uma resposta. Espera um pouco. Eu deveria estar gostando disso ou deveria estar odiando? Qual é a minha motivação?

- O paizão sabe o que o filhão gosta.

Sério? Então me fala, porque eu tô perdido aqui.

- Não vamos acordar seus irmãos.

Ah, agora eu tenho irmãos. Eles não sabem o que tá rolando mas minha mãe sabe, ok.

- O filhão sabe por que tá sendo castigado? 

Não, ainda não pensei em nada. Drogas?

- O paizão sabe o que o filhão gosta.

Isso de novo? Achei que fosse um tipo de castigo.

Eu não queria ouvir mais nada porque nada fazia sentido.

- O paizão vai trazer alguns amigos aqui e vai te apresentar pra todos eles.

Ok, esse foi o meu limite de safadeza. E ainda estava com a trama da mãe na cabeça.

- Desculpa, isso não tá dando certo pra mim, eu disse.

No fim das contas, meu personagem nem sequer tinha falas. Foi um filme chato e nojento demais pro meu gosto. Eu não quis repetir.