CARA, CADÊ MEU SEX TAPE?

Eu não tenho sorte com esse negócio de sex tape. Há quatro deles no meu computador nesse momento. No último fim de semana, o pc ficou estranho. A primeira coisa que costuma passar pela minha cabeça é: levar o computador ao médico. A segunda é: o cara da assistência técnica vai ver meus vídeos.

Eu já deveria ter comprado uma porrada de pen drives para tirar tudo daqui e esconder num canto. Ok, o medo é esse, e se alguém roubar um vídeo meu? Nos dias de hoje, ele vai parar na internet, ao lado de milhares de outros. E hoje eu sou um cara adulto que não está necessariamente morando num armário. Logo, não seria assim tão ruim.

Mas, em 1992, isso seria uma catástrofe.

Usei a filmadora do meu pai pra fazer meu primeiro sex tape. Foi difícil convencer meu namorado na época. A fita ficava muito bem escondida e ninguém entrava no meu quarto. Quando minha família foi viajar (ganhei 8 dias de liberdade, mas minha avó estava na casa ao lado, só por precaução), meu namorado passava todos os dias (e noites) comigo. E a gente ficava vendo nosso vídeo. Ficou chato muito depressa, e ele sugeriu que a gente alugasse um filme erótico.

A locadora mais próxima de casa era novinha em folha, e eu nunca havia alugado um XXX lá. Alugar esse tipo de filme nunca foi um problema. Em várias locadoras, ninguém ligava para o fato de eu ser menor de idade. Era só uma questão de pegar o filme como se fosse um filme qualquer e evitar fazer contato visual com a funcionária da locadora (por que sempre contratam mulheres?).

Era tarde da noite e a mocinha estava toda simpática atrás do balcão. Talvez seja melhor facilitar as coisas pra ela. Peguei um heterofilme. Em casa, meu namorado reclamou porque, na maior parte do tempo, as cabeças, e boa parte do corpo, dos homens ficavam fora do enquadramento da câmera. Droga de heterofilme.

Na noite seguinte peguei um bifilme. Ainda tentando facilitar as coisas para a simpática mocinha, havia um BI bem grande no nome do filme. Chegando em casa, descobrimos que não era o BI que a gente queria, haviam heterocaras e homomulheres, mas nenhum homocara.

No dia seguinte, peguei o BI que a gente queria. Na próxima ''fase'', finalmente, pegaríamos um homofilme. Mas o homofilme era uma droga. Meu namorado estava me deixando nervoso, acho que não estávamos prontos para viver juntos. Depois de uma briguinha, fui até a locadora e peguei quase dez homofilmes.

A gente nem se preocupava em rebobinar, o filme terminava, a gente tirava ele do vhs e jogava num canto. No dia da devolução, eu estava naquele pequeno espaço de tempo entre o trabalho e a escola. Guardei as fitas em suas caixas originais, em dois segundos, e corri até a locadora. 

Quando voltei da escola, descobri uma fita no chão da sala. Era um dos homofilmes da locadora. Sim !!! É exatamente isso que você está pensando, nosso sex tape agora estava na video locadora, em algum lugar ...

Continua ...