Minha priminha queria ver ''o rei leão'' novamente. E eu recebi a missão de levá-la até o cinema. Olha só, sou um quase adulto responsável. Comprei os ingressos e nós entramos na sala. Não costumo tirar os olhos da tela quando estou no cinema, mas o filme ainda não havia começado, eles estavam exibindo aquele desenho do leão que foi adotado por ovelhas, já vi isso na tv.
Olhando ao redor
bati os olhos num cara (minha idade, será?)
que estava olhando para trás
diretamente para mim
O que foi?
Ele deu um sorriso
Eu não o conheço
Ele se levantou e começou a andar pelo corredor, deixando a sala, mas sem tirar os olhos de mim. Os gays fazem esse tipo de coisa desde a pré História, está no meu DNA, e tal comportamento natural havia acabado de ser ativado por alguma enzima celular. Eu já sabia o que ele queria.
Fui pego de surpresa porque eu ainda estava naquela fase de Robinson Crusoé. Sabia que existiam apenas uns 15 ou 20 gays no planeta, e eu deveria ser o único representante da espécie em minha cidade. Isso era algo geográfica e estatisticamente correto. Vou chamar esse cara de Quarta Feira, porque era uma quarta feira.
Eu disse pra minha priminha que precisava ir ao banheiro
ok
é meia verdade
Me levantei e segui as pegadas do Quarta feira.
O Cine Ipiranga era um cinema de rua que tinha apenas duas salas, ambas estavam exibindo filmes naquele momento, não haveria ninguém dentro dos banheiros. E o Quarta feira também sabia disso, ele me levou até o banheiro masculino.
Sexo entre homens é assim:
Dispensa apresentações
Já começa nos amassos e
não é necessário tirar toda a roupa
apenas baixamos as calças (com mulheres, eu não sei)
Não gosto de fazer em pé mas...
Quando deixamos o banheiro, com aquele sorriso bobo na cara, fomos até a entrada do cinema. Quarta feira queria me levar para a casa dele. E aí ele me perguntou se eu havia ido ao cinema sozinho.
Um pinguim gigante, patinando a 100km por hora, passou pelo cinema e bateu uma das nadadeiras na minha cara. O tapa me fez lembrar da minha priminha, ainda dentro do cinema. Congelei no lugar, olhei para a bilheteria, não havia ninguém ali, então saltei a catraca e voltei para dentro.
- Eu já volto.
Eu não podia deixar o Quarta feira escapar, levaria anos para encontrar outro homocara na cidade (na verdade, levou cinco anos).
O cinema estava lotado. Esqueci onde minha prima estava sentada, será que ela saiu do lugar? Será que foi me procurar no banheiro?
Fui até lá.
Nada
Voltei pra sala.
O filme ainda estava longe de terminar, sentei numa poltrona no fundão, perto da saída e esperei. Quando o filme acabou, ela passou por mim.
Blá blá blá me perdi e blá blá blá perdi você e blá blá blá isso não interessa, puxei ela pra fora.
Não vi o Quarta feira em canto algum. Chegamos na calçada. E aí vi o cara dobrando uma esquina e corri atrás dele.
Minha priminha:
- Mas o ponto de ônibus fica pra lá ó.
Opa, para tudo, o que eu estou tentando fazer?
Olha, nós vamos pra casa desse meu amigo, e aí você vai ficar vendo tv na sala enquanto ele me mostra uma coisa no quarto.
Ah, não dá.
Esquece.
Vamos embora.
Procurar pelo Quarta feira em outras quartas feiras, ou em outras feiras, não deu resultado. Mas eu descobri
A) não estou sozinho nesta ilha
B) uma nova utilidade para o banheiro de um cinema
e agora estava gostando ainda mais de ir ao cinema. E foi assim que encontrei o Segunda feira em 2013, já contei essa história, mas ele escapou porque fui tímido demais.
Deve ser a idade,
mas não deveria ser o contrário?
3 comentários:
Cortando fora a cena de sexo
Ainda vejo mulheres e "crianças" visitando esse blog...
Sou mulher e curto o teu blog. Concordo com grande parte de suas opiniões sobre filmes, e gosto de suas histórias.
Eu adoraria saber dos detalhes das cenas de sexo
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