OUT IN THE BLUE

Eu tinha um cãozinho que adorava uma rotina, torcia o focinho para coisas novas na casa ou para refeições diferentes. Provava um pouquinho de cada vez antes de dar seu veredito. Não gostava de experimentar novidades, não gostava de surpresas, havia uma hora para passear, outra para dormir e outra para comer seu prato favorito. Ele sempre me fazia lembrar desses horários, ele me cobrava isso.
Nesta segunda feira, eu estava na minha loja de filmes favorita, dando uma olhada nos lançamentos. Um cara entrou na loja procurando o dvd do filme "o despertar". Não havia nenhum, mas eu tinha acabado de ver o filme em blu num canto. Apontei o blu pro rapaz e ele disse que queria o filme em dvd.
- Não vou entrar nessa. Não vou começar a comprar essa coisa. Me disseram que a gente tem que comprar um aparelho novo, um diferente, é verdade? O que eu vou fazer com aquele que eu já tenho em casa? E esses discos são caros.
Defendendo o blu-ray.
- Mas, um aparelho de blu, também reproduz dvds, até melhora a qualidade da imagem. O aparelho já está mais barato agora, e eu já vi filmes por 30 reais. O blu-ray não vai caminhar lado a lado com o dvd, a ideia é substituí-lo.
Ele já deve ter ouvido isso várias e várias vezes, parou de dar atenção às minhas palavras logo no começo. Estava com um olhar raivoso.
Quando o mundo atravessou a era do vhs e entrou na era do dvd, não me lembro de ver ninguém reclamando tanto assim da mudança. E olha que um player de dvd nunca foi compatível com as fitas de vhs, a mudança era grande e não havia link algum com o passado.

E não era apenas uma questão de formato, a tecnologia do dvd era muito superior. Depois que você vê um filme em alta definição no blu, você não quer voltar atrás. Para encerrar o assunto com chave de ouro, o cara disse:

- Eu não sei quem foi o filho da mãe que deu essa ideia para deus criar essa droga.