Não é hoje, mas no dia em questão vou estar ocupado. Passarei a noite toda num canteiro de abóboras esperando pela Grande Abóbora, que virá trazendo presentes. Esta é a quarta edição do especial de Halloween do CHP, e como sempre, temos filmes de terror por aqui. Mas desta vez, vamos ver os clássicos, os primeiros filmes de horror da história do cinema. Eles não metem mais medo em ninguém nos dias de hoje, mas em sua época, davam calafrios nas pessoas. O terror é um gênero que precisa evoluir a cada geração, e por mais sofisticados que sejam os filmes atuais em comparação, todas as regras do terror surgiram nesse pequeno grupo que veremos a seguir. Você saberia desenhar o monstro de Frankenstein? cabeça chata e parafusos no pescoço? isso não está no livro de Mary Shelley, surgiu no filme de 1931 e se tornou um padrão. Muitas regras para vampiros e lobisomens também nasceram nos clássicos filmes da Universal (veremos 6 deles nesse especial). Prepare a pipoca e apague as luzes, em preto e branco o terror é muito mais charmoso.
NOSFERATU (1922)
Uma adaptação não oficial de "Drácula" de Bram Stoker. Os produtores fizeram de tudo, promoveram várias alterações para evitar um processo. Mas a família do escritor soltou os advogados sem dó. As mudanças nos nomes e na trama não ajudaram em nada, é muito fácil reconhecer o livro ao ver esse filme. Ele foi condenado ao esquecimento, muitas cópias foram destruídas. Mas um rolo de filme se salvou e foi redescoberto anos depois. O Conde Orlok tinha um grotesco aspecto de homem rato e não era muito inteligente, cometeu um grave erro no final do filme, coisa de vampiro amador.
MONSTROS (1932)
Em um circo de aberrações, a bela trapezista Cleópatra se junta ao fortão Hércules para aplicar o golpe do baú num diminuto rapaz, menor que um anão e completamente apaixonado pela moça. O filme gerou muita polêmica e indignação por ter contratado deficientes de verdade: crianças com crânio pontudo, cabeças pequenas, gêmeas unidas pelo corpo, homens e mulheres sem braços ou pernas, se arrastando pelo chão. Destaque para a cena em que os "monstros" fazem um coro e dizem para Cleópatra que ela é como eles: "um de nós, um de nós, um de nós" e ela fica louca. O final é maluco, mas a trama é legal.
DRÁCULA (1931)
Agora sim um filme oficial do homem morcego. Marcou época, virou cult e fez de Bela Lugosi o vampiro mais famoso do cinema. Mas... o filme se segura demais. Nada de Conde Drácula mordendo o pescoço das donzelas, a cena é apenas sugerida, mostrar um homem mordendo o pescoço de uma mulher seria erótico demais para a época (e nada de presas também). Drácula também nunca é visto saindo de um caixão, enquanto o Conde Orlok fazia isso em grande estilo. Ele também é inofensivo demais, Van Helsing nem chegou a suar na "batalha final". Seu castelo tem gigantescas teias de aranha e também gambás e tatus (?!?!) por todo lado.
FRANKENSTEIN (1931)
Em 1910 o livro ganhou uma adaptação de 12 minutos para o cinema mostrando um monstro meio macaco meio pato (não pergunte). Mas foi nesse filme de 1931 que a era do monstro de Frankenstein começou, o primeiro de uma trilogia. A maquiagem usada por Boris Karloff se tornou a cara oficial da criatura desde então. O dr Frankenstein não se chamava Victor e seu ajudante não era Ygor. Ygor surgiu apenas no terceiro filme interpretado por Bela Lugosi. Uma das cenas mais famosas do filme, quando a criatura encontra uma menina brincando nas margens de um rio, foi clonada até a exaustão nas décadas seguintes, e com inúmeras alterações, em algumas versões eles se tornam grandes amigos. Mas no filme original, o encontro não acabou bem, 80 anos depois, a cena ainda é chocante.
A MÚMIA (1932)
Antes de ganhar uma noiva com um estranho penteado em "Frankenstein 2", Boris Karloff foi Imhotep, a múmia que não gosta de ter seu sono milenar interrompido. Maquiagem competente, mas Karloff sofria, ela queimava seu rosto ao produzir rugas por todo lado. Ele entra em cena completamente imóvel. O primeiro despertar da múmia é arrepiante, os olhos se abrem lentamente, um pequeno brilho na escuridão do rosto pode ser visto.
O MONSTRO DA LAGOA NEGRA (1954)
Ele é o último de sua raça, o homem peixe pré histórico que vive na floresta amazônica. Nos anos seguintes ganhou outras origens, se tornando até extra terrestre. E parece que ele se sente muito sozinho, ele se apaixonada pela mocinha do filme e faz de tudo para ficar com ela. A fantasia do bicho causou sensação e o P&B do filme deu um toque a mais. A fantasia na verdade era amarela, para que pudesse se manter visível nas águas escuras.
O LOBISOMEM (1941)
Agora chegou a vez do lobisomem ganhar seu primeiro filme oficial com suas regras e tudo o mais. Lua cheia, prata, mordida e ciganos (!?!?). A maquiagem metia medo e se tornou meio que oficial nos filmes seguintes e nos encontros com outros monstros. Bela Lugosi faz uma ponta como o lobisomem que mordeu o personagem principal. O filme só não explica por que Bela se transforma um lobo e o pobre Talbot, após ser mordido, se transforma num híbrido.
A MOSCA DA CABEÇA BRANCA (1958)
O filme que deixou os monstros da literatura de lado e se tornou um dos monster movies mais originais de todos os tempos, para não falar da ficção cientifica no recheio. Cientista cria a máquina do teletransporte e troca de cabeça, e de mão, com uma mosca que entrou na cabine junto com ele. O cara não vai conseguir reverter o processo a menos que a tal mosquinha seja encontrada. Deliciosamente narrado em flashback, com Vincent Price no elenco e com um final aterrorizante.
O HOMEM INVISÍVEL (1933)
Deveria ter ganhado um Oscar de efeitos especiais, para um filme de 1933 ele tem efeitos incríveis. Mas foi só em 1938 que a categoria se tornou reconhecida, embora o Oscar tenha homenageado um único filme, a cada ano, ao invés de indicar vários candidatos, e foi assim por um longo tempo. O personagem principal já começa o filme completamente invisível, com o corpo todo coberto para não assustar ninguém. Juntamente com a invisibilidade, vem a loucura, e agora ele quer dominar o mundo. Chega a matar várias pessoas. O filme começa com um pouco de comédia, antes da coisa ficar mais séria. Também dita suas regras, nada de tirar a roupa após as refeições, a comida (e as fezes) ficariam visíveis dentro do cara. Ele tem que esperar até completar a digestão ou nada feito. O ator só aparece no último segundo do filme, numa cena super legal (bem no estilo do remake com Kevin Bacon, a cena do desaparecimento foi a única coisa que se salvou naquela refilmagem).