FILAS E POLTRONAS NUMERADAS, TEM JEITO?

Quando o IMAX chegou á são paulo eu fui correndo conferir, mas ao chegar lá me disseram que as poltronas eram numeradas, então me mostraram um mapa do local, visto por cima, para que eu escolhesse meu lugar. Acontece que ver pelo desenho é uma coisa, entrar na sala e se encontrar geograficamente é outra, ainda mais quando o filme já começou e você precisa esperar seus olhos se acostumarem com a escuridão antes de se mexer. Acabei sentando em um lugar qualquer e acho que muita gente fez o mesmo pois quando passei os olhos pelo local vi meu lugar original ocupado por alguém. Eu acho desnecessário numerar poltronas, se o computador na bilheteria sabe quantas poltronas há em um cinema pode muito bem avisar ao atendente quando a sala está lotada pelo número de ingressos que já foram vendidos. É algo realmente inútil quando a sala não tem muita gente, mas quando está cheia a gente acaba se sentando onde não quer por falta de opção. Da minha parte eu odeio me sentar ao lado das paredes, meu lugar favorito é mesmo no centro da sala, faço questão. E isso me leva ao assunto das filas nos cinemas lotados.

1999 foi um ótimo ano para o cinema, havia inúmeros filmes legais que batiam recordes de bilheteria, foi tanto sucesso que no ano seguinte Hollywood, de ressaca, faturou muito menos, sua primeira queda em décadas. Para nós restavam as filas, quando 'a ameaça fantasma' estreou numa quinta feira á meia noite eu estava lá, tentei ver o filme de novo no fim de semana mas toda a cidade parece ter tido a mesma ideia, o pior é que ele estava em cartaz numa das salas pequenas para 200 pessoas. Quando entrei só havia lugar na primeira fileira de poltronas, logo em baixo da tela, saí de lá com dor de cabeça e nos olhos. Ainda em 1999 enfrentei uma baita fila para ver 'o sexto sentido', quando faltavam poucas pessoas na minha frente a sala de 400 lugares lotou, fiquei na fila por mais de duas horas aguardando a sessão seguinte.

Ainda em 1999 tive que me sentar novamente na primeira fileira de poltronas para ver 'dogma', na mesma minúscula sala onde havia visto 'a ameaça fantasma', no ano seguinte retornaria á ela para ver 'missão impossível 2' em um lugar mais confortável uma vez que cheguei mais cedo ao cinema. Isso tudo em um cinema de shopping, em 1985 eu fui ver 'o segredo da espada mágica' (o filme do He-man que conta a origem da She-ra caso não conheça) e fui ao único cinema da cidade (na época) que era 'de rua', a fila dobrava o quarteirão, não sei quanto tempo fiquei nela, mas quando entrei na sala não havia lugares vagos! vi o filme todo , com outras crianças, sentado no chão nos degraus entre as poltronas. Mas a mãe de todas as filas mesmo foi a do 'Titanic', saindo da bilheteria, percorrendo um espaço do shopping e descendo por uma escada de incêndio que deu para o estacionamento ao ar livre. Lá estava eu , exposto ás intempéries por 4 horas e meia e é claro que choveu naquele dia, após o oscar daquele ano o filme voltou ao cinema e tentei vê-lo de novo, metade da cidade teve a mesma ideia novamente. Mas não se pode reclamar, as mais legais experiências que já tive num cinema foram em salas lotadas, como a versão do diretor de 'o exorcista' cujo público presente me divertiu muito gritando.