5.12.18

FESTA ESTRANHA COM GENTE ESQUISITA


Dois mil e dois foi um ano meio maluco. Eu costumava me encontrar com dois caras de outra cidade. Dois ônibus pra chegar até lá. Rolava cinema, shopping e sexo. Um dia, um deles tava fazendo aniversário. Quando cheguei no ap, havia outro cara no pedaço. Simpático, bonitinho e tímido. Tímido demais pra ficar perto do Lucas, o aniversariante.
- Hoje é meu aniversário, quero fazer sexo a quatro, tô ficando velha e louca muito depressa.
O cara tímido nem se mexeu no sofá. Tava passando Homens de preto na tv.  Senti um pouco de vergonha, não sou um adolescente cheio de hormônios, também posso me comportar como um adulto (tentativa 412). Sentei no sofá pra ver o filme com ele. Meus dois amigos correram pro quarto.
Aí o cara tímido disse.
- Se fosse sexo a três eu topava. A quatro não quero.
Isso me deu muito o que pensar. Eu fui o último a chegar. Se ele não quer fazer sexo a culpa é toda minha. Wow, ele deve estar jogando na minha cara que não gostou de mim, é isso. Tava tudo bem até você chegar, Alessandro.
E agora vou ficar aqui, ao lado dele, vendo o filme? Não. Agora fiquei com raiva. Diz na minha cara, cacete. Alguém, lá no quarto, me chamou.
Vou gastar saliva, mas vou ser educado.
- Você não vem?
- Não faço a quatro.
- Ok, e por que não?
- A três tudo bem. Mas a quatro já é suruba.
Opa, para tudo. Eu não sabia que havia uma lei envolvendo números. Então não existe sexo a quatro. Do três pra cima já é suruba. Exagero? Pra muito ou pra pouco?
- Ah, nunca ouvi falar disso.
- Mas é verdade. Disse ele. Aí reparei que ele tava tocando no crucifixo no pescoço.
Ah, agora entendo. A culpa é do velho JC. Ele aceita o ménage á trois, mas condena o ménage á quatre (sim, pesquisei o nome). Do quatre em diante é pecado na certa.
Rimos muito por conta disso lá no quarto. Acho que ele nos ouviu.
Quando voltamos pra sala, o filme tava quase no fim. Vimos o final juntos, todos nós. Depois saímos pra comer.
Cantinho da comida mineira, bem rústico, parece legal. Tinha um poster de Guerra nas estrelas num canto. E perto de nós tinha aquela famosa pintura do Leo, com o velho JC numa mesa bem longa, cercado por vários homens. Contei doze. Isso, meu amigo, é uma suruba (pensei, mas resolvi ficar calado)😉

2 comentários:

João Victor disse...

Ha! Adoro seus contos... sempre ótimos
Que poc estranhas...

Anônimo disse...

adorei!