Ah, Steven Spielberg e seu "fetiche por holofotes", você vai ver muito disso aqui. O filme tem um começo bem diferente do livro. Na obra de Michael Crichton, primeiro conhecemos um pouco sobre a InGen. Depois acompanhamos um caso na Costa Rica, uma médica atende um homem ferido que chegou de helicóptero. Ninguém conta pra ela o que realmente aconteceu. Depois, uma menina é mordida por uma espécie desconhecida de lagarto, mostrando que alguns dinos, de alguma maneira, já escaparam da ilha Nublar. No começo do filme, "vemos" um velociraptor sendo levado para o seu cercado e ... é só.
O filme começa de verdade com a escavação em Montana, é quando encontramos Alan Grant e Ellie Sattler (e o esqueleto completo de um dinossauro, com cada osso no lugar certinho, bem diferente da vida real). Alan assusta o "jovem Chris Pratt", mas o garoto estava certo ao comparar o velociraptor com um peru gigante, certíssimo. Hammond chega de helicóptero, todo alegre, é um velhinho simpático. No livro, o cara não presta, nem gosta dos netos.
Na Costa Rica, Dennis Nedry conversa com Dodgson, sobre os embriões. Isso meio que acaba com a surpresa do filme, veremos então dinossauros trazidos de volta por engenharia genética. O livro já era um best seller na época e o trailer (horrível e mal feito) do filme não entrega muita coisa. Os personagens pisam na ilha (John Williams dá o seu melhor na música) e aí temos uma ligação com o final do filme: Hammond é o primeiro a deixar o helicóptero e está todo sorridente. No final do filme, ele é o último a entrar no helicóptero e está apavorado.
Os personagens encontram o braquiossauro, 100% digital. O plano era fazer dinos em stop motion, tava tudo pronto até que George Lucas apareceu trazendo uma nova tecnologia. Hammond diz que o T-Rex corre a 50 km/h. Atualmente, acreditamos que o bicho corria até 19 km/h, ele pesava sete toneladas, os ossos das pernas poderiam se quebrar caso ele tentasse correr mais que isso.
O senhor DNA (voz de Greg Burson, ele fez o Zé Colméia e o Dom Pixote quando trabalhou na Hanna-Barbera) tenta explicar o processo que trouxe os dinos de volta. Mas, verdade seja dita, o DNA não sobrevive intacto por muito tempo após a morte de um animal. E mesmo que sobrevivesse (por 65 milhões de anos???), um mosquito suga o sangue de um animal e, antes de digerir esse sangue, ele é coberto pelo âmbar de uma árvore, quais as chances? Hoje, teoricamente, a gente poderia pegar o DNA de uma ave e retirar todas as alterações que ele sofreu nos últimos 65 milhões de anos e aí ... bingo, DNA de dinossauro.
A turma visita o cercado dos raptores. Robert Muldoon aparece de short curto, exibindo as pernas, e eu me lembro do sexo que eu fazia quando era escoteiro. O pessoal começa a discutir no almoço (mais holofotes) e aí chegam as crianças. No livro, Tim é mais velho que Lex. Hammond diz que os carros elétricos seguem por um trilho, mas eu nunca vi conexão alguma embaixo dos carros.
Tim menciona um sujeito chamado Bakker. Só pode ser Robert Bakker, o famoso paleontólogo que mudou a maneira como os dinos eram vistos. Sangue quente, a cauda não arrastava no chão, eles eram rápidos e parentes das aves (Spielberg e Lucas apostaram nesse realismo anos antes em "Em busca do vale encantado"). Cena rápida, em um dos monitores do Nedry podemos ver que ele está assistindo "Tubarão" (1975).
Exibindo as pernas na sala de controle,
Muldoon diz que os carros chegaram no cercado do T-Rex.
Nenhum dino apareceu durante o passeio. Ian tenta conversar com Hammond pela câmera do carro e aí vemos que o dr Grant não está sentado ao seu lado, um erro de continuidade. Os personagens deixam o carro e encontram a triceratops doente (um cara lá dentro manipula a cauda. Outros, abaixo do chão falso, entram por um túnel e manipulam a barriga, as patas e a boca com partes robóticas. Os olhos são controlados por rádio). Assim como fez em "E.T.", o diretor deixou o boneco escondido para poder filmar a primeira reação dos atores.
Dennis conversa com alguém nas docas e podemos ver que o vídeo não é ao vivo porque tem uma barra de rolagem em baixo, outro errinho do filme. Na sala dos embriões vemos etiquetas com vários nomes: T-Rex, Galiminus, Velociraptor, Estegossauro (só no próximo filme) e tem até um Metriacantossauro (parente do Rex, bem grandão).
Surge o T-Rex (uma guitarra provocou as ondulações no copo d'água), seu rosnando é uma mistura de leão com urso e elefante. Sua cauda não toca o chão e ele tem lábios !!!! (teoria de 2023, o filme acertou em cheio). Aqui temos uma mistura de CGI com animatrônica. Assim como aconteceu com o Tubarão nos anos 70, o robô (da oficina de Stan Winston) também apresentou defeito. A chuva artificial o fazia tremer e ele precisava ser secado o tempo todo.
Agora, esse papo de ficar imóvel... o filme é criticado desde 1993. O Rex tinha uma ótima visão e um olfato melhor ainda. Se você ficar imóvel, ele te come. A cena em que o advogado abandona as crianças mexeu com o Jeff Goldblum, era ele quem deveria fazer aquela cena e ele pediu pro diretor mudar o roteiro. Seu personagem no filme é pai, tem três filhos, e não faria esse tipo de coisa. A sequência do ataque termina com um dos carros caindo numa enorme vala de onde, minutos antes, o T-Rex saiu caminhando (é impossível desver esse erro).
Dennis Nedry encara o dilofossauro. O colarinho em sua cabeça é invenção do filme. E esse bicho era enorme, mas aqui ele aparece bem pequeno. Talvez seja para poder entrar no carro e pegar o Dennis. Um dilofo de verdade teria virado o automóvel, porém, isso seria uma repetição da sequência do T-Rex. Ellie e Muldoon resgatam Ian e fogem do Rex acelerando a mais de 50 (não precisava tanto, foi só pela cena de ação).
Vemos Hammond comendo sorvete e uma infinidade de merchandising do parque ali perto, me deixando maluco desde 1993 (camisas, hoje eu tenho, me falta um boné). Alan descobre que os dinos estão se reproduzindo e como estão fazendo isso. No livro, segredos só são revelados perto do final (no segundo livro nem vale a pena esperar, foi uma baita bobagem), e ninguém percebeu que o número de animais havia crescido porque o computador era programado para encontrar um número específico de dinos, ninguém imaginou que haveria reprodução (poderiam ter usado isso no filme). Ah sim, fechamos o parágrafo com o meme do Jeff sem camisa.
O sistema é desligado e reiniciado (mais holofotes), Alan e as crianças encontram os galiminus. Não estamos mais na época da Mary Poppins, onde atores precisavam seguir personagens já animados. Desta vez a animação veio depois, mas os dinos precisavam se posicionar na direção do olhar dos atores. O garoto moveu a cabeça para o alto, dura só um segundo, mas é outro erro do filme que é fácil de notar.
Muldoon e Ellie enfrentam os raptores, que caçam exatamente como Grant imaginava (é só imaginação mesmo). Alan joga um graveto na cerca (eu já fiz isso, não funciona, madeira é um péssimo condutor de eletricidade) e as crianças entram na cozinha.
Um dos melhores momentos do filme, essa cena foi originalmente feita em stop motion (os dinos tinham uma língua de lagarto) e depois foi substituída pelo CGI. O verdadeiro velociraptor era muito pequeno, um pouco maior que um cachorro, os animais do filme lembram, na altura, um primo do velociraptor chamado Utahraptor. No filme, os raptors não têm penas e suas mãos estão voltadas para baixo (como um zumbi) e na verdade as palmas eram voltadas para dentro, como um abraço.
Muita gente repara na cena em que o rosto de Ariana Richards foi colocado em cima do rosto de uma dublê. Isso não conta como erro, dura só um segundo e o efeito ficou bom. Os raptors depenados (olha, mesmo que tivessem penas, não seriam muito coloridos porque são todos fêmeas) cercam os personagens e ... rapaz, ninguém viu ou ouviu o Rex entrando no centro de visitantes pela ... porta? A ação poderia ter ocorrido lá fora, mas aí não teríamos a clássica sequência com a faixa caindo.
No final, Alan vê um bando de aves voando ao lado do helicóptero. Ok, aves não são descendentes de dinossauros, elas SÃO dinossauros. No final do cretáceo haviam 21 espécies de dinos, 20 entraram em extinção. As aves, que surgiram no jurássico, sobreviveram. No livro, o final é meio amargo, o incidente InGen, como ficou conhecido, precisa ser encoberto, ninguém pode abrir a boca. É preciso fazer uma queima de arquivo e o destino dos sobreviventes é incerto.
Excelente. Um dos meus filmes favoritos.
ResponderExcluirDuvida Alessandro, você como um fã de Jurassic Park e dinossauros, já jogou o jurassic world evolution?
ResponderExcluirSuas edicoes especiais sao sempre ótimas! Excelente trabalho de pesquisa.
ResponderExcluirMas eu nunca vi um filme da série Jurassic Park, juro.
Valeu pelo Jeff!
Jogos são tão caros no Brasil, eu tô comprando um, às vezes dois, por ano, tenho que pensar bastante. Vejo vídeos de JW evolution no tubo, mas minha próxima compra será o novo Sonic.
ResponderExcluirAmei esse post! Eu amo esse filme!!!
ResponderExcluirEntendi, no caso esse Jurassic World evolution, tem 2 jogos, são ótimos, caso vc compre digitalmente (a midia deles no brasil é importada então é cara), digitalmente em promoção tanto no PS4/PS5 ou xbox, o valor chega a 40, 30, 20 reais até.
ResponderExcluirEu morava numa vilazinha no interior de SC, tinha uns 7 anos e meu pai apareceu com um VHS alugado na "cidade grande". Era Jurassic Park. Fui assistir sozinho, e foi tudo bem até a hora em que o t-rex engole o advogado. Parei o filme, horrorizado. Meia hora depois destraumatizei e continuei assistindo. Adorei, vi várias vezes e virei um fanzinho de dinossauro.
ResponderExcluir