Acho que cada revista de homem pelado tem uma história. Às vezes eu andava durante horas, visitando diferentes bancas de jornal, beem distantes, envergonhado, e comprando uma G Magazine após fazer uma rápida avaliação do jornaleiro e/ou estar super cansado e de saco cheio dessa situação.
Felizmente, eu aprendi a comprar revistas de certos caras que ficavam de boca fechada durante a compra, eles tinham medo de homossexuais, não faziam contato visual, vendiam a revista com um frio na espinha. Com o tempo, a coisa foi se normalizando pra mim, a revista era mensal e eu não queria encarar aquela "jornada da timidez" a cada trinta dias. Notei que, para muitos jornaleiros, as coisas foram se normalizando também. A vergonha foi diminuindo.
Corta pra hoje. Eu e o Anselmo levamos uma G Magazine até os correios. Ela já estava embalada, num envelope bem fechadinho. A moça no caixa perguntou qual era o conteúdo do pacote e eu disse que era uma revista. Aí ela perguntou se ela poderia abrir o envelope para ter certeza de que se tratava de uma revista. O Anselmo disse que sim. Ainda bem que alguém disse alguma coisa, porque eu voltei a ter 15 anos na mesma hora. A moça abriu a embalagem com certa dificuldade, ok, usei fita demais, um papelão bem grosso pra garantir que a revista não fosse amassada, tava meio grotesco. Ela acabou rasgando a coisa toda para libertar a revista. Para ela, espiar lá dentro não bastava, ela tinha que colocar tudo para fora. Hey, que tal levantar a revista bem alto para que todos no prédio consigam vê-la? Me afastei e me sentei em uma das cadeiras, não aguentaria ver a cara de surpresa da moça.
Então, tudo certo? Não. Ela havia destruído o envelope. Ela nos deu um novo e fomos até o outro lado da sala, levando a revista, para fazer uma embalagem mais bonitinha, com menos papelão. Aí devolvemos tudo pra ela.
Argh, acho que nunca vamos normalizar revistas de homem pelado, ou pornografia no geral. A moça está lá agora, rindo de nós, ou, envergonhada, ou, enojada, ou, rezando por nossas almas, ou, nos condenando ao inferno, ou, memorizando nossos rostos, ou ...
Pelo menos ela não soltou: "Poxa, o Anselmo é um machão tão bonito para ser gay".
ResponderExcluirHahaha... ninguém merece isso.
ResponderExcluirDa próxima vez, diga na cara dura que é uma revista pornô gay, que dificilmente irão querer abrir o pacote...
Sei que não é a mesma coisa, mas é por conta de uma vergonha similar que, mesmo com trinta anos na cara, assumido, vacinado e me sustentando, ainda não consigo colocar um cara gostoso como papel de parede nos meus dispositivos eletrônicos. Para mim alguém sempre vai me "flagrar" e eu detestaria me sentir um adolescente dentro do armário outra vez.
ResponderExcluirComentei isso em outro post, que a gente tem mais ou menos a mesma idade e viveu as mesmas coisas e tal... mas nem sei se a minha vergonha voltaria hoje, sei lá.. mas super entendo a sua sensação.
ResponderExcluir