VOLTA PRA CAMA

E aí, os pais do Anselmo voltaram pro Maranhão. Sabe o que a gente deveria fazer? Vamos pegar o colchão da cama deles, está novinho em folha (no nosso colchão, os ácaros evoluíram tanto que chegaram na renascença), e vamos colocar na nossa cama. Foi uma boa ideia, em teoria. Nunca tive problemas com colchões, mas esse aqui me odeia. Levanto da cama com dores nas costas todo dia. Comprei um segundo travesseiro e tentei várias posições diferentes, ainda sinto dor.

E às vezes sou obrigado a ver filmes em cima desse bendito colchão. Na sala, podemos ver Netflix, Youtube, dvd, blu-ray. No quarto, Amazon, Apple+, blu4K (o vídeo game esnobe do Anselmino não reproduz dvds, nhé). Bom, eu tinha que tirar uma dúvida, sou eu ou o colchão? Peguei meu velho saco de dormir e o estendi no chão ao lado da cama.

O Selmo não gosta desse saco porque ele tem história. História antiga, colé? Fiz muita sacanagem dentro dele quando era escoteiro, é passado, caramba.

Certo, o saco de dormir é muito fino, ou eu cresci demais. O chão é duro e a noite é escura e cheia de horrores. Fiquei com dores na cintura, melhor dobrar o saco na noite seguinte. Ok, eu cresci demais, ainda conseguia sentir o chão duro abaixo de mim. E o pior, a mesma dor, pela qual eu culpava o colchão, pintou quando acordei.

No alto da cama eu vi o pé do Anselmo. Ele tem a cama toda pra ele, mas não sai do seu cantinho. Voltei pra cama e ele me fez uma massagem. Bem, começa com uma massagem, depois vira outra coisa, o Anselmo é assim, e eu tava precisando das duas coisas no momento.

Feriado, hoje vamos almoçar juntos. E antes que ele fizesse qualquer sugestão, eu peguei rapidinho um dvd. Logo vai anoitecer, o colchão ainda está lá, esperando por mim. Tenho poucas horas para bolar um plano B.