... e o Rocky também.
31.8.16
CHP COLLECTION
Difícil acreditar que pegaram o livro de Pierre Boulle, que é praticamente uma comédia (os humanos são os pets dos macacos) e o transformaram num verdadeiro clássico da ficção científica. O autor deve ter pirado quando viu aquele final com a estátua da liberdade na praia. E o filme veio cheio de mensagens, mesmo num país tão conservador quanto os isteites, ele fez sucesso, será que alguém pescou a ideia? É impagável o momento em que a doutora Zira fala sobre evolução no tribunal e os juízes tapam a boca, os ouvidos e os olhos. É aquele velho debate entre a ciência e a religião. Pena que isso ficou apenas no primeiro filme.
A edição especial de PLANETA DOS MACACOS (o correto seria ''planeta dos símios". Macacos são primatas com cauda) tem 112 minutos de duração e traz uma abertura mais longa. Quanto mais cenas do bonitão Robert Gunner, melhor. Mas a edição também mostra o quanto o Charlton Heston tá canastrão nesse filme. Seu personagem é detestável, depois disso fica difícil sentir pena dele.
No filme seguinte, DE VOLTA AO PLANETA DOS MACACOS, o bonitão James Franciscus tenta encontrar o personagem de Charlton Heston e acaba encontrando humanos com poderes telepáticos que veneram uma bomba. O ano é 3955.
Em A FUGA DO PLANETA DOS MACACOS, Zira e Cornelius viajam ao passado, e encontram um mundo governado por humanos (somos nós). O final é trágico. Em seguida vem CONQUISTA DO PLANETA DOS MACACOS, onde vemos o famoso César se rebelar contra os humanos. Mais tarde, em A BATALHA DO PLANETA DOS MACACOS (ambientada no ano de 2670), César precisa lidar com vários problemas para garantir a paz em seu novo mundo, gorilas ferozes e humanos mutantes.
Esses são os cinco filmes originais.
Em 2001 surgiu aquela re-imaginação do Tim Burton do filme de 1968. PLANETA DOS MACACOS: A ORIGEM, de 2011, com James Franco, é um remake de ''Conquista...'', e sua sequência, PLANETA DOS MACACOS: O CONFRONTO, de 2014, é um remake de ''a batalha...''.
Para completar minha coleção, só mesmo o seriado de tv de 1974. Teve apenas uma temporada com 14 episódios. E a série animada também, de 1975, uma temporada apenas, com 13 episódios. Os dois seriados trazem novas versões do filme de 1968, apresentando outros astronautas que acabam viajando até o ano de 3979, mas o elenco símio é o mesmo (Zaius, Zira, Cornelius...).
30.8.16
CHP CULT
Ok, vamos rever o falecido Gene Wilder. Em 1974, ele o diretor Mel Brooks escreveram uma comédia que marcou época, O JOVEM FRANKENSTEIN. O filme fez bastante sucesso fora dos cinemas. Camisas, bonecos, canecas, chaveiros, cópias do livro ''Como fiz isso'', potes de cérebros anormais ... virou musical, foi parar nos palcos. O merchã é fabricado até hoje.
E o filme ainda conseguiu duas indicações ao Oscar. Se trata de uma paródia de ''Frankenstein'' com um pouco de ''A noiva de Frankenstein''. Gene Wilder é o dr Fronkensteen. Ele não gosta de usar o verdadeiro nome da família porque, para muitas pessoas, seu avô era um cientista maluco, que tentava ressuscitar os mortos. O filme começa com Fronkensteen recebendo a herança do avô, com anos de atraso. Ele herdou um castelo na Transilvânia. No mesmo pacote temos o filho do Igor, um corcunda chamado I-gor. Uma assistente chamada Inga e uma governanta chamada Flau Blücher (estou ouvindo cavalos?). Andando pelo castelo, o cara encontra uma passagem secreta e descobre o laboratório do avô. Ao ler seu diário, ele percebe que as experiências de reanimação eram realmente viáveis.
Logo, ele e I-gor roubam um cadáver, e depois um cérebro, e aí tentam recriar a experiência do velho Frankenstein. Toda vez que vejo esse filme eu me divirto bastante com o I-gor, ele fica com as melhores piadas e até interage com a câmera. É uma pena que, seja no vhs ou no dvd, as legendas em português não dão conta de algumas piadas. Muitas delas são trocadilhos em inglês. Aí o negócio fica complicado mesmo.
NÃO ENTENDO AS PESSOAS NORMAIS
A tela do cinema é uma coisa que tem um certo poder hipnótico sobre mim, desde que eu era um filhote. A tv também faz isso. Diferente daquelas pessoas que ficam conversando no cinema, ou se beijando, ou indo ao banheiro, eu não costumo tirar os olhos da tela. Eu não preciso fazer isso, eu sei que aquilo que eu tô pegando é pipoca, não preciso olhar para ela o tempo todo (até hoje não peguei nenhum dedo humano).
Meu namorado é diferente. Começamos a ver certos filmes na hora do almoço. Então notei que, vez ou outra, ele baixava a cabeça, olhava para o prato, cutucava a comida, e depois levava o garfo até a boca. - Não acredito que ele perdeu essa parte do filme, ele vai entender o restante da trama agora?
Tem um filme francês que eu queria mostrar pra ele. O Anselmo não sabe francês, ele precisa olhar para a tela cada vez que pintar uma legenda, mas ele não dá a mínima pra isso. Ele precisa olhar para o prato antes de cada garfada. A gente viu ''Corra Lola, corra'', ele não sabe alemão, alguém está falando alguma coisa no filme e ele está olhando para o prato (medo de encontrar um dedo humano?), perdeu alguns diálogos, e aí?
Então pensei numa animação francesa de 2010, ''O Mágico''. Quase não tem diálogos, seria perfeito. Mas, sem diálogos, você precisa olhar para a tela o tempo todo, como nos primeiros minutos de ''2001''. Os macacos encontraram o monolito negro na Aurora do homem e o Anselmo tá procurando um dedo humano na comida da minha mãe.
Mudança de planos, que tal produções dubladas? Fiz o Selmie ver alguns episódios clássicos dos Simpsons e também de Arquivo X. Mas o dedo fantasma continua escondido no prato dele. Não sei como as pessoas fazem isso, tem uma tela enorme dentro do cinema e tem gente que a ignora, ou uma tv com dezenas de polegadas a poucos metros do seu nariz. Eu começo a me sentir mal no lugar do diretor, dos atores, dos produtores, de todo mundo. Tipo ''Aquela cena de dois segundos custou milhares de dólares em efeitos especiais e um dos dublês quase morreu. E esse cara aí resolve desviar os olhos para o arroz e o feijão justamente nessa hora''.
PRA MIM, TAMANHO DA TELA É DOCUMENTO
E por alguma razão misteriosa, a grande maioria das pessoas fica hipnotizada pela tela minúscula de um telefone celular. Aí o Anselmo me ignora, pisa num buraco na calçada, anda pelo meio da rua, esquece que eu existo. E tudo isso pra quê? Pra pegar um zubat em cada esquina. Então tá, quem precisa do cinema francês quando se tem dezenas de zubats no bolso?
29.8.16
POR ONDE ANDA ESSE SERIADO DE TV?
Cara, que saudade de DARK ANGEL (2000-2002). Esse seriado começou com tudo, produzido por James Cameron, o cara do Titanic, o cara com o toque de Midas, os episódios eram eletrizantes e caros demais para a época. Não se sabe se essa questão da grana foi a causa do cancelamento do seriado após duas míseras temporadas. Mas, hey, é a Fox, eles cancelam seriados sem dó, por qualquer motivo besta, desde sempre.
A série era protagonizada pela desconhecida Jessica Alba, então com 19 anos. Correu um boato de que ela teve um caso com o James Cameron, mas sabemos que ela namorou o bonitão Michael Weatherly. A trama se passa num futuro pós apocalíptico, um pulso eletromagnético acabou com toda a eletricidade da cidade de Seattle. Max (Jessica) fugiu de uma instalação militar chamada Manticore. Através de manipulações genéticas, eles criaram crianças do tipo supersoldados. Max é boa de luta, ela tenta levar uma vida normal, se escondendo da Manticore, no meio do povão. Dividindo um apê com uma lésbica chamada Original Cindy.
Aí ela conhece Logan (Weatherly) que faz transmissões piratas na tv entregando as mentiras do governo. Juntos, eles tentam acabar com a Manticore, encontrando e resgatando outros adolescentes que fugiram do local durante o pulso. A trama tinha assunto para muitas temporadas, ótimos vilões e um Jensen Ackles bonitinho. Pra deixar todo mundo maluco, a segunda temporada terminou no meio de uma crise. A Fox é cruel demais, nem dvd br nós ganhamos.
DÊ UMA CHANCE PARA...
Eu já li muitas críticas negativas a respeito deste seriado de 2015. Nunca tive vontade de ver. Entrei numa loja e dei uma olhada nas bonecas, tava interessado na Arlequina, e vi que eram feias demais. E o seriado? Qual o problema com o seriado? Infantil demais? É para meninas muito muito pequenas? Ou chega a ser politicamente incorreto? Todas as heroínas da DC Comics são adolescentes e suas aventuras acontecem dentro de uma escola para super heróis. Então elas fazem compras e paqueram os rapazes, certo? Não sei como é o clima do seriado de tv, que não agradou algumas pessoas, mas sei que gostei do longa metragem.
DC SUPER HERO GIRLS: HERO OF THE YEAR (2016) é meio bobinho e estranho no começo, mas, aos poucos, vai ficando interessante, porque traz super vilões que querem dominar o mundo. Ok, então temos uma escola para super heróis. Temos quatro meninos, o Lanterna Verde, o Flash, o Cyborg e o Mutano, o restante do elenco é formado por garotas (o público alvo). Amanda Waller (magra!!!) é a diretora da escola e o gorila Grodd é o vice diretor (?!?!). O comissário Gordon é um dos professores. Dá pra esse universo ser mais esquisito? O filme começa com a vilã Grande Barda se matriculando nesta escola. As outras meninas acham isso estranho, mas ninguém parece ligar para outras duas alunas veteranas, Arlequina e Hera Venenosa (que são graaaandes amigas...). Não sou decenauta de carteirinha mas sei que outras alunas, desta ''escola de heróis'', também são vilãs.
Os preparativos para a premiação ''Herói do Ano'' são interrompidos quando pinta um misterioso vilão que começa a roubar artefatos mágicos das heroínas, com a intenção de fabricar uma super arma. Não se trata afinal de um mundinho cor de rosa com unicórnios (ok, tem 1 no filme), acho que certos marmanjos vão curtir. Nenhum super poder foi alterado e nem as origens, os pais da Supergirl estão mortos, o filme não esconde isso. No fim das contas, foi engraçadinho. Meio Disney.
R.I.P. GENE WILDER
Sem querer ser chato, nunca fui muito fã do cara. Na minha coleção tenho apenas quatro filmes dele e curti muito mais o Wonka do Tim Burton.
27.8.16
CHP RARIDADES
Essa semana, o diretor Pedro Almodóvar revelou que sua versão do conto ''Brokeback mountain'' teria muito mais homossexo que o filme de 2005, de Ang Lee. O diretor estava planejando adaptar o conto, porém, Ang Lee foi mais rápido. Ceeerto, homossexo, o público ficou chocado, em 2005, com aquela ''ceninha'' e muitos críticos disseram que ''Hollywood finalmente amadureceu''.
Mas sabe de uma coisa? Trinta e cinco anos antes de BBM, surgiu um filme gay com dois cowboys apaixonados. E tinha nudez frontal, homossexo (do tipo carinhoso), beijo na boca, homorromance ... e o ano era 1970.
SONG OF THE LOON nunca foi lançado em dvd, nem sequer existe uma cópia restaurada. Ele foi exibido nos tais cinemas gays clandestinos norte americanos e depois migrou para a televisão tarde da noite. É um filme que corre risco de extinção. Tem um diretor amador, atores amadores, é uma produção de baixíssimo orçamento, a trama tem alguns problemas, mas a intenção foi boa, o filme está bem a frente de seu tempo.
Estamos em 1870, o jovem Ephraim está cruzando o velho oeste. Ele está fugindo do ex namorado violento. E ele também está sexualmente confuso, não vê muito sentido na monogamia entre homens. Tudo bem, ele está indo atrás de um xamã que vai lhe proporcionar uma viagem espiritual que deverá acabar com todas as suas dúvidas.
No meio do caminho ele encontra um homem chamado Cyrus, que se apaixona por Ephraim. O rapaz não poderá viver feliz para sempre com Cyrus enquanto não tiver sua ''viagem espiritual sexualmente autoexplicativa''. Ele se despede de Cyrus e continua sua jornada.
Não existem mulheres no filme e todo homem que aparece na tela é gay (que planeta é esse???), Ephraim pode estar confuso, mas nesse mundo a homossexualidade é a coisa mais comum que existe. Todos os índios do filme são homens brancos com a pele pintada, isso ficaria beeeem evidente num dvd. Um texto adicional, no final do filme, meio que tira a graça do happy end, e o vilão nem sequer ganha um desfecho satisfatório. Mas como eu disse antes, valeu a intenção.
26.8.16
blu-ray - MOGLI, O MENINO LOBO
Não sou muito fã dessa moda da Disney de fazer versões em live action dos desenhos clássicos. Ok, o filme dos dálmatas, com a Glenn Close, foi legal, Cinderela foi bonitinho, mas Malévola me deixou decepcionado. Agora, Mogli, o menino lobo, esse sim é um ótimo filme. Feito por fãs para os fãs, tem um pouco do livro de Kipling, um pouco do desenho animado de 1967, e consegue superar os dois, tem a boa e velha magia Disney presente neste filme.
Um único ator, um menino de 10 anos, ao lado de animais digitais em cenários digitais. Os efeitos especiais são incríveis e o filme não descuida da trama, tem aventura e tem momentos emocionantes. O filme tá cheio de gente famosa no elenco de vozes e tem também dubladores artistas na dublagem brasuca, eca, e eu que queria mostrar esse filme pra minha mãe, ela gosta de dublados.
O blu traz poucos extras. Um making of com apenas meia hora de duração, porém completinho. Um especial engraçadinho sobre o ator mirim Neel Sethi. E Christopher Walken cantando (esse momento do filme eu não curti muito. Walken dá medo). Comentários em áudio do diretor e dois trailers, Rogue One e Zootopia.
Também disponível em dvd e em blu3D.
25.8.16
GALERIA DO TERROR
Filme de 2015, A BRUXA é um terror que foge bastante dos clichês atuais. Faz pequenas referências a contos famosos, tem uma bela e sombria fotografia, e não esconde segredos, a tal da bruxa faz parte do desenrolar da trama, ela não precisa ficar sempre escondida. O filme conta uma história de terror, mas não tem a intenção de dar sustos, é um terror mais psicológico. A trama se passa no século XVII, uma família inteira é expulsa de uma comunidade por heresia. Eles pegam a estrada e algum tempo depois se acomodam num pedaço de chão próximo a uma densa floresta. Nesse meio tempo, a esposa teve outro filho. A filha mais velha está cuidando do bebê e ele, de repente, desaparece. Mais tarde, ela também será culpada pelo sumiço de outro irmão. Os pais começam a suspeitar que a filha é uma bruxa (estamos no século XVII, se você espirra, você é uma bruxa), e a mocinha chega a suspeitar de seus irmãos gêmeos. Eles são esquisitos, eles têm um bode negro de estimação, seria o próprio capeta? A tensão entre os membros da família aumenta com o tempo e todos estão contra a pobre moça. No final, uma surpresa, não dá pra chamar de final feliz mas eu adorei, foi um ótimo conto de terror (não filme).
DÊ UMA CHANCE PARA ...
Se você mora no Brasil, À FLOR DA PELE é um filme gay, por alguma razão. Eu vi o dvd, todo bonitinho, com uma luva, e ele mencionava o tal triângulo amoroso entre uma moça e dois rapazes. A capa do dvd era bem sugestiva. Também já vi o dvd na Saraiva, na semana do Orgulho, alguém o colocou no balcão ''olha pra mim''. A livraria Cultura fez a mesma coisa algum tempo depois. E, recentemente, vi o filme em alguns homoblogs.
Agora vem a verdade. Esse filme francês de 2005 não é um temático, não tem nada gay nesse filme. E o tal triângulo amoroso não é o tema principal do filme. Tudo errado. Aí você vai atrás do filme pra ver, sei lá, os dois caras fazendo homossexo, e se decepciona. Agora você vai querer condenar o filme por isso?
Clément é o personagem principal, sua vida está passando por algumas mudanças e ele está fazendo um balanço disso. Ele tem uma namorada, ele pratica judô, ele tem um pai alcoólatra que pode perder o emprego por conta disso, e uma mãe que faz de tudo para economizar dinheiro. Sua família já está passando por dificuldades financeiras, o filho vai pra faculdade no próximo ano. Ele arruma um amigo rico, Mickael, que também luta judô, e num belo dia, a namorada de Clément toma a iniciativa e faz sexo com os dois rapazes ao mesmo tempo. Bem, o filme é sobre isso, um adolescente tentando se adaptar, pressão no judô (pra ganhar peso ou pra perder peso), pressão na escola, dificuldades em casa, e por fim um novo tipo de relacionamento com a namorada de longa data. Em algum momento, algo vai explodir dentro dele.
Uma coisa que homocaras vão curtir: cenas de vestiário, os garotos ficam peladões, todos eles. Tem um tiozão de barba, ao fundo, que rouba a cena.
livro - A SAGA DO TIO PATINHAS
Não existe uma cronologia oficial nas HQs da Disney, alguns autores contradizem outros e tudo vira uma bagunça, de eventos e datas. Mas nos anos 1990 Don Rosa tentou botar ordem na casa. Ele pegou o Tio Patinhas, criado por Carl Barks, e vasculhou o passado do pato. Resgatou inúmeros detalhes das clássicas histórias criadas por Barks, sempre que um pedacinho do passado do personagem era mencionado, e juntou tudo numa única saga que, praticamente, explica tudo.
Esse encadernado traz os 12 capítulos da saga e mais 6 histórias do tipo flashback, que preenchem algumas lacunas. A trama começa no final do século 19, na Escócia, vemos o Patinhas ainda criança engraxando sapatos e ganhando sua famosa moedinha número 1. Depois ele resolve fazer fortuna viajando pelo mundo e, sempre que possível, ele envia dinheiro para os pais e as irmãs na Escócia. Aí nós vemos de tudo, seu primeiro encontro com os Metralhas, que ainda não usavam esse nome, sua primeira pepita de ouro, a ''namorada'' Dora Cintilante, a mania de nadar em dinheiro, a compra do casaco, da cartola, seus primeiros óculos, o destino de sua família, a chegada em Patópolis lá perto do final, e a construção da caixa forte.
O livro ainda traz vários extras, capas originais, menciona os easter eggs, e mostra a árvore do clã Patinhas ao lado da árvore da família Patus. As duas famílias se encontraram quando o filho nervoso da vovó Donalda se casou com a irmã nervosa do tio Patinhas, aí nasceram o pato Donald e sua irmã Dumbela, a mãe de Huguinho, Zezinho e Luisinho. Acho que essa é a parte mais divertida da HQ, o modo como brincam com o passado, gerando o presente que conhecemos. Há também vários momentos emocionantes. Valeu cada centavo.
SEXO, MENTIRAS E DOIS CANOS FUMEGANTES
Fabiano e Ricardo, esses dois adoravam brincar. No banheiro da escola faziam o joguinho do ''mostra o seu e eu mostro o meu''. Eram vizinhos. Passavam muito tempo juntos. Haviam outros joguinhos fora da escola? Eu tava naquela idade especial, os garotos ao redor estão descobrindo seus corpos, é moleza tirar uma casquinha de um heterocara qualquer, eles levam tudo na brincadeira. Então comecei a brincar com os dois no banheiro da escola, mas a coisa tava avançando num passo lento demais pro meu gosto (hey, no ano anterior fiz sexo com o professor de educação física. É uma ótima maneira de tirar uma boa nota no futebol sem nem sequer saber jogar futebol. Até hoje não sei).
Aí pintou um trabalho em grupo (eu odeio trabalho em grupo, eu sempre acabo fazendo o trabalho todo). Mas a professora me colocou num grupo ao lado do Fabiano e do Ricardo, eu adoro trabalho em grupo agora. A gente tinha que ler Moby Dick. Quando passamos pela biblioteca, levamos um susto, aquela coisa tinha mais de 500 páginas (naquela época, eu ainda não curtia livros). Então resolvemos alugar um filme. Tinha um filme com o Gregory Peck, um Moby Dick de 1956. E o Fabiano era rico, ele tinha um vídeo cassete, a gente ia ver o filme na casa dele (só que eu não acreditava nisso).
Eu tomei um super banho antes de sair de casa, minhas pernas estavam tremendo, wow eu vou fazer sexo a três hoje (daonde eu tirei isso?). E não havia ninguém na casa do Fabiano, só nós três, perfeito. Começamos a ver o filme. Comecei a pensar num plano, estava nervoso demais, outra pessoa poderia tomar a iniciativa? O Fabiano fez isso, depois de alguns poucos minutos de filme.
- Ricardo, vem aqui no meu quarto, quero te mostrar uma coisa.
A porta fechou, eu fiquei lá, na sala, sozinho. Quando essa baleia vai aparecer? Aí um pequeno Alessandro de pijama vermelho apareceu no meu ombro - ''Sabe de uma coisa? Eles estão fazendo sexo, lá dentro, neste exato momento !!!''.
Não não não não não não não não era esse o plano. Me levantei e corri até a porta do quarto. Vocês estão perdendo o filme, eu disse. Depois você conta pra gente, um deles respondeu.
Olhei pelo buraco da fechadura. Vi uma parede. Olhei por debaixo da porta. Vi uma peça de roupa no chão. Ah, colé, é um quarto de menino, diferente do meu existem peças de roupa largadas pelo chão o tempo todo. Não. Espera. Um dos dois estava usando aquela camisa ali? Eu não me lembro, estou enlouquecendo aqui. Corri até o quintal e tentei olhar pela janela, muito bem fechada. Voltei para dentro e tentei ouvir alguma coisa colando o ouvido na porta.
@$#%&# o volume da tv tá muito alto, maldita baleia. Opa, esse som, alguém se mexendo numa cama. Depois não peguei mais nada. Voltei pro sofá e fiquei vendo o filme com o cérebro no modo ''zumbi''. Um pouco antes do final, a porta do quarto abriu.
- O que vocês estavam fazendo lá? - não resisti, estava explodindo por dentro. Não acredito que fui deixado de lado.
- Eu só tava mostrando pro Ricardo algumas revistas.
- Que tipo de revistas?
- Ah, você é novo demais pra essas coisas.
Novo demais? Defina ''novo demais''. Meu aniversário é no final do ano, aí vamos ter a mesma idade. Novo demais??? Enquanto vocês estão se masturbando no quarto com revistas eu estou na escola recebendo sexo oral de um professor, novo demais?
Pra variar, lá estava eu fazendo o trabalho todo sozinho. E eu nem me lembrava do filme. Mas eu dei sorte, a professora nem sequer leu o livro. ''Olha, não acontece muita coisa. Um cara quer se vingar da baleia que comeu seu pé. Ele encontra a baleia, ela ataca o navio e todo mundo morre. Moral da história: vingança é uma coisa muito ruim''.
Todo mundo morre? Não. Eu me esqueci do Ismael. Ele voltou pra casa boiando num caixão. Teve um dia melhor que o meu.
POR ONDE ANDA ESSE FILME?
Eu devo ter alugado essa fita um milhão de vezes, eu até sabia as canções de cor. Eu tenho em dvd aquela versão em live action, de 2006, com a Dakota Fanning e um monte de gente famosa nas vozes dos animais. Mas não é a mesma coisa.
Essa animação (não é da Disney, é Hanna-Barbera) de 1973 chegou a ser exibida nos cinemas por aqui (eu ainda não havia nascido, ok?). Acho que a vi pela primeira vez na tv aberta, depois em vhs. O conto ''A teia de Charlotte'' é chamado de A MENINA E O PORQUINHO por aqui, e esse filme realmente dá muito espaço para a dupla. A aranha Charlotte demora um pouco para aparecer.
A trama começa com o nascimento do porquinho Wilbur. O fazendeiro resolveu matá-lo porque ele nasceu muito pequeno. Sua filha Fern salva o porquinho e o adota como animal de estimação. Um dia ele vai virar bacon e ela não poderá fazer nada para impedir isso. Então entra em cena a aranha Charlotte, ela sabe escrever, ela transforma Wilbur num milagre ambulante aos olhos dos humanos (é interessante notar como ninguém pensa em investigar a tal aranha que escreve elogios para o suíno na teia).
Em 2007 surgiu um dvd (lá fora). Será que eu me lembraria das canções se encontrasse um dvd br com a dublagem clássica?
10 HOMOSSEXUAIS QUE NUNCA FIZERAM HOMOSSEXO
ROBERT DRAKE (X-MEN)
PAUL VARJAK (BONEQUINHA DE LUXO)
BRICK POLLITT (GATA EM TETO DE ZINCO QUENTE)
CABO FIFE (ALÉM DA LINHA VERMELHA)
LESTAT (ENTREVISTA COM O VAMPIRO)
HOWARD BRACKETT (SERÁ QUE ELE É?)
DUMBLEDORE (HARRY POTTER)
CHRIS KELLER E TOBIAS BEECHER (OZ)
WILL TRUMAN (WILL & GRACE)
Edição #1, Bob se apaixona por Jean Grey, depois veio Opal, Lorna, Mística, e sua primeira namorada foi uma tal de Zelda. No cinema ele namorou a Vampira e a Kitty. Em 2015, os jovens x-men visitaram o futuro, o nosso presente, e a jovem Jean fez o jovem Bobby sair do armário. E aí o Bob adulto confirmou a história. Mas e os namorados? Ninguém desde 1963?
No livro de Trumam Capote o escritor é homossexual. E a personagem de Audrey é bi. Nem sonhando que a gente veria esse tipo de coisa num filme de 1961.
BRICK POLLITT (GATA EM TETO DE ZINCO QUENTE)
Ele passa o filme todo deprimido por causa da morte de um amigo. Você não vai conferir todos os detalhes da peça de Tennessee Williams no filme de 1958 por causa da censura. Acontece que o amigo, Skipper, se matou porque Brick o rejeitou. Agora Brick começa a questionar sua própria sexualidade.
Será que o Adrien Brody chegou a ler o livro no qual o filme foi baseado? Seu personagem é homossexual e ele, alegremente, alivia a tensão de seus companheiros durante a guerra. No filme ele não ganhou muito espaço.
LESTAT (ENTREVISTA COM O VAMPIRO)
Alguma coisa o Tom Cruise fez de errado, não conseguiu conquistar o Brad Pitt. Aí você vai dizer ''Louis é hétero, é 1994, classificação 14 anos''. Porém, o filme não se segurou perto do final, fica bastante claro que Louis e Armand tiveram um homocaso.
Filme temático para heterocaras, difícil acreditar que foi escrito por um homossexual. Alguém já se descobriu gay desta maneira? E que tal aquele tape que testa sua sexualidade? Howard é gay mas não tem nada físico nessa história. Um beijo do Tom Selleck o deixou transtornado.
DUMBLEDORE (HARRY POTTER)
A autora apenas disse ''eu sempre pensei no personagem como homossexual'', muitas outras coisas vieram da boca do povão. Um amor não correspondido com um certo bruxo das trevas? Talvez. Alguma outra paixão? Necas. Nada desde a prisão de Grindelwald em 1945.
A maior história de amor do seriado, até pintar o ciúme doentio. Mas nada de cenas mais ousadas, apenas beijos (e socos). E olha que, durante toda a série, a gente viu muitos caras fazendo sexo nessa prisão (alguns contra a vontade).
WILL TRUMAN (WILL & GRACE)
Oito temporadas e quatro beijos. Quando ele finalmente arrumava um namorado, não pintavam indícios de que os dois haviam passado uma única noite juntos. Ok, tv aberta, final dos anos 1990, um pouco dos anos 2000, mostrar um único homobeijo já era complicado. Mas o seriado não se segurava quando o assunto era a vida sexual do Jack barra Grace barra Karen barra Rosário. Por que o Will tinha que viver como uma freira num convento?