AS CRÔNICAS DA PARADA GAY

Matt Bomer e Zachary Quinto na parada gay (2014), 

todos estão felizes, eu os odeio...

Eu havia me preparado para passar dois dias com o meu namorado do mal número 2, em seu AP, em São Paulo. A gente ia ver a parada gay e no dia seguinte a gente ia pegar um cinema. Foi a minha primeira parada (e também foi a última e a única até hoje), foi a primeira vez que o público chegou a 1 milhão de pessoas, foi demais. Mas eu não estava feliz.

Antes da parada, meu namorado me fez um pedido.

- O quê? Depilar a minha bunda??

Eu nunca fiz isso antes, eu adoro pêlos, os meus principalmente.

- Olha, eu aceito a sua bunda como ela é - eu disse. Por que você não pode aceitar a minha também? E você é mais peludo que eu...

Ele me convenceu, e me explicou o processo. Ok, parece ser fácil. Sozinho no banheiro, peguei um barbeador e comecei a fazer aquilo com o máximo de cuidado. Levou um tempão, e depois fui pro banho. Assim que me vesti, comecei a sentir as pinicadas, era impossível ficar de cuecas. Deixei a cueca de lado e vesti uma bermuda bem folgada para evitar atritos.

Todo mundo andava alegremente pela avenida Paulista durante a parada, mas eu estava andando como um cowboy, com as pernas bem abertas, tentando descolar uma nádega da outra. Era uma sensação horrível.

E, é claro, surgiram as bolinhas rosas quando a pele ficou irritada. De volta ao AP, fui pra cama sem roupa (como sempre) e sem lençol, e tive que dormir de barriga pra baixo, e com as pernas bem abertas, precisava ventilar a região.

No dia seguinte, eu não estava melhor. E a gente foi pro cinema mesmo assim. Hey, ele trabalhava numa locadora, ele recebia convites para essas sessões gratuitas quando um filme estava para ser lançado em dvd. Filme de graça? Tô nessa. Eu já havia visto o tal filme no cinema no ano anterior, e isso foi bom, porque quase não prestei atenção desta vez, eu passei a sessão toda lutando contra a poltrona. Não dava para ficar sentado, estava coçando, estava ardendo e as nádegas estavam grudando uma na outra novamente.

- Calma, ele disse, é assim mesmo na primeira vez. Depois você se acostuma.

- Ah, ok, então vou ter que fazer isso de novo?

- Sim, pelo menos uma vez por semana.

Ah, de jeito nenhum, nem sonhando.

 

A gente só se via uma vez por semana, toda segunda feira. Isso era um saco, moramos em cidades diferentes, fazer o quê? Mas agora estava na hora da gente dar um tempo. Um tempo pra minha bunda, eu não queria reencontrar o cara, não queria raspar minha bunda novamente. Eu dizia pelo telefone - não tenho como ir para São Paulo nesta segunda. Mas nunca deixei de ir, fazia compras e pegava um cinema, evitei o cara por 3 semanas.

Quando a gente se reencontrou, vi que ele havia raspado TODO o cabelo, e não tava nada sexy, parecia um maluco.