PRAIA DO FUTURO

Esse filme vai encher e esvaziar as salas de cinema. Nada no trailer ou no poster diz ao povão que se trata de um filme gay. Em São Paulo, algumas pessoas deixaram o cinema ao descobrir isso, e, por incrível que pareça, o filme estreou na minha cidade (um temático? Aqui?) e eu fui rever o filme com alguns amigos locais, e não deu outra, em minha cidade, quase vinte pessoas abandonaram o cinema durante a segunda cena de sexo. Parecia ser o final da sessão, tanta gente se levantando e saindo ao mesmo tempo. Gente que não esperava ver um temático, gente que não está acostumada a ver um temático. Pra nós, nada de novo. E também já vimos temáticos melhores, este aqui foi um porre.

- Acho que não estamos mais no Ceará, Totó.

Wagner Moura é Donato, um salva vidas que trabalha na praia do futuro, em Fortaleza (não me lembro de ter visto nenhum salva vidas por lá). O filme começa com um afogamento que ele não conseguiu evitar. Agora ele precisa contar ao turista alemão que seu amigo desapareceu no mar, no segundo seguinte eles fazem sexo na lata. O alemão ainda está de luto mas começa a namorar o brasileiro (isso foi meio estranho, e o português dele às vezes é difícil de entender, você vai perder alguns diálogos). A passagem de tempo no filme nunca é clara, de repente, Donato já está morando na Alemanha com o rapaz, depois de abandonar a família no Brasil na maior cara dura. E é isso, o filme todo caberia num curta metragem, há muitas cenas sem diálogos que não ajudam a trama a avançar ou explicam qualquer coisa. É como se alguém estivesse tentando imitar Sofia Coppola. E a trama, bem, ela não leva à lugar algum, deixando o filme com uma sensação cronológica de mais de duas horas, mostrando absolutamente nada. Sexo, nu frontal, romance quase no zero, nem nas partes dramáticas o filme acerta a mão.

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