2 FILMES E 1 TEMA DELICADO

Eu não sei qual é, exatamente, a definição correta de pedofilia. Quando tinha quase 13 anos, fui pra cama com um cara que tinha mais de 30, e foi trabalhoso, era eu quem fazia todas as investidas. Ele ficava sem jeito e se esquivava. Eu sabia o que eu queria e com quem eu queria, em nenhum momento chamaria isso de abuso sexual (quem acabou abusando de alguém naquela noite foi eu). Eu não conhecia toda a enciclopédia do sexo mas me contentava com o básico. E não queria saber de outros caras da minha idade, tímidos demais, trabalhoso demais. Meu corpo estava pronto para o sexo e eu queria sexo, simples assim. Eu, o menor de idade, seduzi um cara, maior de idade, e o pobre coitado pode se meter em encrencas por conta disso?
Esse é o tema dos dois filmes abaixo, dois casais gays, idades diferentes. Nada de abuso, o homocarinha mais novo já sabe o que quer da vida. São duas histórias de amor (uma delas é real) e chamar isso de pedofilia é, bem, veja desta maneira: Lolita se tornou um filme cult e Dustin Hoffman se tornou o herói de muitos adolescentes depois de "a primeira noite de um homem". Quer dizer, se a mesma trama ganha uma versão gay, algumas pessoas começam a enxergar maldade em algum lugar.

PARA UM SOLDADO PERDIDO
Jeroen começa a relembrar o passado. Uma cena bem legal, seu Eu de 12 anos cruza seu caminho e... estamos em 1944. O garoto é obrigado a deixar Amsterdã, o exercito alemão está tomando conta do pedaço. Ele vai morar com uma família adotiva no interior. Aos poucos, começa a sentir uma atração pelo amigo Jan. Mas acaba se apaixonando perdidamente pelo soldado canadense Walt, e Walt também sente algo por Jeroen. A diferença de idade é gritante, e o filme faz questão de mostrar o quanto eles estão apaixonados um pelo outro. Para um filme de 1992, ele é bem abusado, não havia necessidade mas... há uma cena de sexo. O final meio que fica devendo um pouco, mas é bonito. As legendas em pt estão uma droga.

AS AMIZADES PARTICULARES

Baseado num livro baseado em fatos reais. Estamos na França, anos 1960. Num colégio católico do tipo "qualquer prisão é mais confortável que isso". Georges é um adolescente que acabou de chegar. Logo de cara, ele descobre dois rapazes que são amantes secretos e resolve dar um fim nisso. Mas, algum tempo depois, ele mesmo se apaixona por um garoto da quarta serie. Alexandre tem 12 anos, e fica obcecado por Georges. É um namoro bem inocente, eles vivem trocando cartas de amor. Quando estão juntos, não rola beijo ou abraço, apenas juras de amor eterno. Mas um padre pedófilo pode acabar com esse romance. Alexandre é beeem feminino, seria uma menina disfarçada de menino para poder estudar naquela escola? Não, é um menino mesmo, eu esperava por uma revelação desse tipo no final mas... necas. É claro que, para um filme de 1964, muita coisa é apenas sugestiva (se lembra do amor cujo nome não pode ser dito?), ao mesmo tempo é um temático bem moderninho e pró gay. Como está o seu francês? Esse dvd também está comendo algumas legendas...