FILMES DE TERROR, MAS TERROR TERROR MESMO

Existem os filmes de terror e os filmes infantis.

Os filmes infantis são destinados á crianças (dã) e os filmes de terror, com sangue e violência, são feitos para os adultos. Mas como se mete medo num adulto? sabemos que monstros não existem e tal.

Apesar do publico alvo ser exatamente o oposto um filme de terror só consegue ser chamado de filme de terror quando é visto por uma criança. Pense num filme de terror que você viu quando criança e que te metia muito medo, hoje ele não consegue te assustar. O filme ainda é o mesmo mas você não.
São poucos os filmes de terror que conseguem assustar um adulto, um deles está logo abaixo, os outros me causavam pesadelos na infância, hoje estou imune, mas pude chamá-los, anos atrás, de ''filmes de terror terror mesmo''.

A BRUXA DE BLAIR

Eu não caí naquela história via internet de que a coisa era mesmo real, quero dizer, será que a minha morte poderia um dia ser levada aos cinemas? foi uma boa e original maneira de se vender um filme de baixo custo sem gastar mais dinheiro com isso. Seu estilo novo pegou a todos de surpresa, a camera balançando, sem foco, sem luz, gritos e a gente nem sabe o que tá acontecendo. O filme nos atrai porque faz uso do nosso medo do desconhecido, é terrível não saber o que está acontecendo justamente num momento de perigo. No cinema muita gente, instintivamente movia a cabeça para cima e para baixo, da esquerda para a direita, tentando enxergar alguma coisa na tela 2D, era um sufoco. Muito melhor que qualquer terror explícito por esconder tudo de nós dando espaço para nossa imaginação trabalhar, outros 3 filmes dessa lista fizeram o mesmo.

POLTERGEIST

Novamente o medo do desconhecido nos prende á um filme. Não sabemos as regras, não sabemos o que os espíritos estavam dizendo a Carol Anne na TV, não sabemos para onde eles a levaram. E o terror acontece em vários momentos, parece que os poderes dos espíritos são ilimitados. Dando vida á uma árvore ou sugando crianças para dentro de um armário. Aquele palhaço sorridente me dava calafrios porque eu tinha um igual, ele foi para o lixo depois que vi o filme, digo, partes do filme, porque tinha medo de continuar assistindo. Passava na TV tarde da noite, já era difícil pra mim me manter acordado para acompanhar um filme na TV, mas quando era um filme de terror eu não pregava o olho , eram os longos comerciais que me davam sono. Lutando contra isso me lembro do final com a TV sendo levada para fora do quarto de hotel, mas por algum tempo fiquei na dúvida se havia mesmo visto esse final ou imaginado ele durante o sono.

TUBARÃO

O medo do desconhecido desta vez foi acidental. Bruce, o tubarão robô, funcionava muito mal na água, suas cenas não davam certo, ele vazava água por todo canto. Steven Spielberg modificou muitas cenas já que o boneco não colaborava. Uma barbatana aqui, um close da cabeça ali, o animal ficava bem escondido. A ideia de fazer uma camera percorrer o mar como se fosse o ponto de vista do tubarão foi ótima, poupava o boneco e dava um certo suspense ao filme. Uma segunda camera sempre ficava acima da água com os humanos que não enxergavam nada abaixo da superfície. Spielberg voltou a usar esse recurso em 'o mundo perdido' mostrando velociraptors na grama alta. Nos isteites o filme conseguiu esvaziar algumas praias, na minha casa, longe do oceano, eu tinha medo de encontrar, vai entender como, o tubarão ao redor da minha cama na escuridão do quarto.

UM LOBISOMEM AMERICANO EM LONDRES

Começava com a cena do nevoeiro, o lobisomem estava rondando na bruma, só se ouvia o uivo. Já era assustador o suficiente para mim sem precisar ver a cena dos mortos voltando á vida ou a incrível cena da transformação. Um show de maquiagem, que levou o oscar, apresentava a transformação como sendo um processo dolorido, com uma música nada a ver com a cena ao fundo. Esse lance da música romântica servindo de fundo para uma cena de horror foi usado até a exaustão na série 'arquivo X' e sempre me fazia lembrar do filme. Já era adulto quando consegui ver o filme até o fim, e me lembro dele sempre que pego o metrô na avenida Paulista por conta da semelhança com a estação do filme.

O EXORCISTA

O filme que conseguiu fazer muito mais barulho do lado de fora dos cinemas, ganhou a fama de filme maldito por aqui, assistí-lo era quase um tabu. Era fácil mentir e dizer aos amiguinhos na escola que você viu o filme até o final e não ficou louco por conta disso, aí todo mundo te admirava, mas não era fácil alugar o filme na locadora. Quando adultos nos obrigamos a ver o tal filme maldito de uma vez por todas. Quando ele foi relançado nos cinemas com 11 minutos a mais eu enfrentei uma enorme fila e me sentei numa sala lotada de gente. Havia visto, anos antes, a edição especial de aniversário em duas fitas de vhs que mostrava no making of a cena da "aranha" entre as cenas que foram cortadas na edição final. Desta vez a cena estava presente no filme e com uma música de fundo de causar um frio na espinha, o cinema lotado de gente se contorceu de horror.

O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA

Nos isteites virou um filme tão maldito quanto 'o exorcista' o é no Brasil e não é para menos, o filme é baseado numa história real que aconteceu uns dois anos antes e chocou o país. Requintes de crueldade pipocam pelo filme. A mocinha é pregada nos braços de uma cadeira enquanto os canibais brincam com ela antes do jantar, o vovô se junta á família feliz e chupa o sangue do dedo da pobre moça, é repugnante, os amigos dela são capturados e colocados num freezer, uma garota é tirada de lá para ser colocada num gancho de metal como um pedaço de carne em exposição num açougue, a cena nos choca enquanto a pobre moça tenta tirar o gancho espetado em suas costas. Um marco do terror na época. O diretor Tobe Hooper ainda estudava cinema e fez o filme com a ajuda de amigos, caiu nas graças de Hollywood e anos depois dirigiu 'pague para entrar, reze para sair' e 'poltergeist'.