3 DIAS DE PESADELO

1º DIA

E o que eu não fazia pelo Pablo? possivelmente o único homocara da rua, me garantindo sexo ocasionalmente sem que minha irmã (na época apaixonada por ele) soubesse. Ele não queria ir ao cinema comigo ver o sexto 'a hora do pesadelo', iria visitar o pai em outra cidade , mas me pediu para levar seu irmãozinho César de 10 anos. O filme estava sendo apresentado em 3D, não o 3D de hoje, era aquele 3D com os óculos coloridos, o efeito era terrível , mas era pior se você tirava os óculos caso quisesse vê-lo sem aquilo. Mas o pequeno César amou o filme, apesar de não ter classificação livre conseguimos entrar, cinema de rua, pode-se tudo, maior descuido de funcionários incompetentes.
2º DIA
Todos estavam babando pela mobilete que uma amiga ganhou dos pais. Ela se comprometeu a levar cada um de nós a um passeio pela rua em sua garupa. Quando chegou a vez do César ele, sei lá, acho que não se segurou bem no lugar e caiu no asfalto, bateu com a cabeça e morreu na hora. Foi o que me contaram.
3º DIA
Eu não vou á velórios, nem de amigos ou de parentes, não quero que a última imagem que tenho na mente de uma pessoa seja dela num caixão. Ainda tenho o César em mente quando saímos do cinema e ele estava pulando de alegria imitando o Freddy Krueger. Naquele dia eu fui até a locadora e peguei uma fita. Era 'um lobisomem americano em Londres', todas as vezes em que passou na TV eu não consegui vê-lo na integra pois ficava com muito medo. Achei que estava na hora de uma terapia de choque. Quem já viu o filme se lembra da cena em que o rapaz entra num cinema e fica na companhia das pessoas que ele matou na noite anterior. Quando o filme acabou eu fui para a cama dormir, e não é que eu tive um pesadelo sobre a tal cena? eu estava no cinema e o César sentou ao meu lado com a cabeça toda arrombada tipo Robert Patrick em 'o exterminador do futuro 2' depois de levar um tiro da Linda Hamilton. Foi o pior pesadelo que já tive na vida, tão nítido e vivo depois de tantos anos. Infelizmente uma das imagens do pequeno César que não quer se apagar da minha mente.