29.9.16

A VIDA NÃO VAI IMITAR A ARTE


É novo por aqui? Beleza. Esses contos que aparecem no blog são baseados em fatos reais. Então não espere por finais felizes (ainda tô vivo) ou lições de moral (eu nunca aprendo porra nenhuma). Pode parecer ficção quando fica libertino demais, mas não é, eu costumava ser uma vadia, essa é a explicação (oh-oh, algumas sacanagens minhas não vão aparecer neste blog nunca).

O dia dos namorados estava chegando e eu tinha um grande plano, uma noite pra lá de romântica com o meu namorado. Meu pai ia viajar e minha mãe não se importava quando eu convidava meu ''amigo'' para passar a noite no meu quarto. Minha mãe sabe bater na porta antes de entrar, meu pai não.
Certo, qual é a coisa mais romântica que se pode fazer na cama com o seu amor? A coisa mais romântica do mundo naquela época era aquela cena da Demi e do Patrick em Ghost, o filme favorito da minha mãe. Eu só precisava tocar ''Unchained melody'' dentro do meu quarto. Então aluguei o vhs e coloquei o gravador ao lado da tv. Péssima ideia. Haviam diálogos durante a canção, poucos, mas estavam lá.
Então comecei a ouvir, todos os dias, o ''vale a pena ouvir de novo'' na rádio Cidade. O pessoal sempre pedia músicas românticas e aquela do Righteous Brothers tocava o tempo todo (até eu começar a ouvir o programa, todos os dias, ao meio dia). Os dias estavam passando, a viagem do meu pai se aproximava e eu ainda não tinha gravado a maldita música do rádio.
Entre um ''vale a pena'' e outro, eu ficava pensando em outras coisas que eu poderia fazer. Espalhar velas pelo quarto talvez? Naquela época meu quarto tinha carpete (era uma boa ideia nos anos 1980, mas depois ...), fiquei com medo de botar fogo na casa e mudei os planos.
Fui numa papelaria e comprei centenas de adesivos para recriar um céu noturno no teto do meu quarto. Hoje eles fabricam estrelas enormes de cinco pontas, o realismo é zero. Os adesivos dos anos 1990 eram apenas círculos, de vários tamanhos. Eles realmente pareciam estrelas quando você apagava a luz.
Ok, o quarto tá bonito, só falta a trilha musical. Eu tinha dois dias, estava desesperado, a música não tocava mais na rádio. Mudei de estação. Achei a canção. O locutor abriu a boca no meio da música e eu dei um soco no rádio.
No último dia, a rádio Cidade tocou ''Unchained melody'' pela primeira vez em semanas. Consegui gravar tudinho. É um milagre de natal (só que não, estamos em junho). Tava tudo perfeito.

Levei o Cristian pro meu quarto, disse pra minha mãe que a gente ia ver um filme (eu era rico, já tinha um vídeo cassete no quarto) antes de dormir. Ela não bateria na porta. Música = ok, estrelas = ok, tiramos a roupa um do outro e deitamos na cama. Acho que a música tava alta demais, nem liguei pra isso. Já tava me sentindo dentro do filme quando ouvi as batidas na porta. Em segundos, desligamos a música, vestimos nossas roupas, acendemos a luz, arrumamos a cama ... acho que fizemos tudo direitinho. Uma rápida ajeitada no cabelo e, girei a chave. Era a minha mãe.

- Vocês estão assistindo Gousti? Posso assistir também?

Um ano depois, recriamos ''9 1/2 semanas de amor''. Mas, sem música...
 

3 comentários:

Raul disse...

Hahahaha!
Podia ter colocado a música bem baixinho.

Anônimo disse...

Bendito o cara que inventou o computador (por sinal, o inventor era gay), que possibilitou a internet pra gente poder baixar músicas e filmes sem esse sofrimento. Se bem que a emoção era phoda, né? Havia outras formas de gravar, mas, pelamordedeus... Vou dormir de bom humor por causa do final da sua história que me fez rir que nem bobo. Agora, sabe que a sua ideia para o quarto do Dia dos Namorados será copiada, né?

Anônimo disse...

pleaaaaaaaaaaaase, publique essas tais sacanagens proibidonas!!!!

Pedro Léo.