20.5.14

REGRAS DE ETIQUETA DO MACHO HETEROSSEXUAL


Então a professora nos disse pra ver um filme e depois escrever um tipo de redação que ... ah não me lembro mais. Só me lembro do filme, digo, dos meus amigos aprontando durante o filme.
A gente tava no início do ano letivo, eu não conhecia muita gente naquela classe, mas alguns já sabiam que eu trabalhava numa video locadora. Então três amigos resolveram montar um grupo de estudos comigo dentro, seria eu o responsável pelo filme. Outro carinha, o R, deixaria a gente ver o filme em sua casa.
Eles apareceram na locadora na manhã seguinte, eu tinha algumas sugestões mas eles não queriam ouvir. O L correu até o fundo da loja e voltou com um filme.
A DAMA DO LOTAÇÃO
- Esse filme é brasileiro, eu disse.
- Eu sei, a gente não vai precisar ler, disse ele com aquele sorrisão na cara (típico de brasileiro).
Tudo bem, algo novo. Eu topo. Mas, tirando os filmes dos Trapalhões, todo filme nacional por aqui é meio que ... erótico demais. A gente vai mesmo escrever uma redação sobre isso?
Hey, eles são meus novos amigos, não vou falar nada, não vou ser o cara chato.
Algumas horas depois, no começo da noite, cheguei na casa do R. Não sei onde estavam seus pais, ele estava sozinho. O L e o C chegaram em seguida.
O filme mal começou e Nuno Leal Maia já estava tirando a roupa, querendo fazer sexo. Os garotos ficaram excitados e se divertiam exibindo o volume nas calças.
Um deles disse: olha só pra esse cara.
Wow, que comentário foi esse? Ok, Nuno Leal Maia era interessante na época, mas esse comentário foi sobre o ator ou sobre sua atuação na cama? Ninguém além de mim parece ter ligado pra isso, acho que o L se entregou, vou ficar de olho nele pelo resto do ano letivo.
Aí aconteceu algo que parecia ter sido ensaiado. Dois deles deixaram a sala pra se masturbar em algum canto da casa. O L entrou atrás de uma cortina e o C foi ao banheiro. O R parecia nem ligar pra isso, a casa é dele e esses são seus amigos desde sei lá quando. Eu é que estava por fora das regras locais. Olhei para o R e ele olhou pra mim. A gente vai fazer alguma coisa também? Ele notou a surpresa no meu rosto e deu uma risadinha. Em seguida começou a brincar ali mesmo no sofá. Ok, isso já foi longe demais.
E eu não podia fazer nada, bom, dã, é claro que podia. Mas não podia fazer o que eu queria fazer. Quebrar as barreiras da heterossexualidade na frente de três amigos, uma pequena fofoca na sala de aula e seria o meu fim. Ninguém estava tocando em ninguém, essas deviam ser as regras. Resolvi me concentrar apenas no filme, pensando numa possível e suavizada redação sobre aquilo.
L e C voltaram pra sala. De repente tudo estava normal como deveria ser. Algum tempo depois, pintou outra cena de sexo e os 3 correram pro banheiro, ficaram entalados na porta e nenhum deles queria abrir mão do local. Então, os 3 entraram juntos e a porta se fechou.
Sério? Os 3 lá dentro? Fazendo aquilo? Eu estava envergonhado demais para me mexer. Resolvi bancar o adulto quando eles voltaram, eu tinha 14 mas tinha pelinhos na perna, seria um adulto bem convincente. 
- Vocês já terminaram com essa brincadeira de criança? Podemos ver o filme agora?
Era tecnicamente impossível fazer uma redação sobre aquilo. Me lembrei de um filme legal e fiz uma redação de cabeça, e os três a copiaram (é a história da minha vida, num trabalho em grupo eu faço tudo sozinho, sou o único que se preocupa em tirar boas notas). Tudo bem, nenhuma professora tem o costume de ler o trabalho de um aluno, é só entregar e pronto (será que hoje é diferente?).
Recentemente, fiz uma busca no feicebuqui e encontrei todos os 3, com suas respectivas esposas e filhos. Se me perguntarem, hoje eu digo que sou gay, mas, caramba, nunca fui tão gay quanto vocês aos 14...

5 comentários:

ALESSANDRO SKYWALKER disse...

Oh darling, darling
Stand
by
me
oh
stand by me

Anônimo disse...

ahahha nunca fui convidado, mas eu sabia que os meninos tinham um grupinho de punheta. E nas sextas que a educação física ia além da aula eles tocavam nas duchas (isso eu já flagrei porque fiquei tomando conta das rolas, digo da porta)

hoje em dia com 14 o cara já é gay ou não, mas queria saber se ainda rola 'meinha'.

Felipe Vlaxio disse...

Isso me lembra uma frase do Kaboom (2010): "Straight guys are gayer than gay guys". E é uma verdade absoluta, isso. Quase um mantra...

Juliano disse...

Sempre achei Stand by Me ingenuamente erótico. Um grupo de garotos que tão descobrindo a vida me soa deliciosamente pervetido.
Aqui em Minas tem um ditado que diz que quando um menino não dá pequeno, dá depois de grande. Depois de ler sua história, acho que isso é verdade.

Luiz Fernando disse...

Ai fia...
Se arrependimento matasse.
KAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKA