22.7.12

WHITNEY PRECISA MORRER

Era uma vez, um sábado tranquilo no reino encantado da video locadora. De repente, o silêncio de uma tarde preguiçosa é cortado por Whitney Houston.
O filme "o guarda costas" ainda podia ser visto nos cinemas, e a canção tema estava em todas as radios, o tempo todo, todos os dias. Para algumas pessoas, já estava atingindo o limite do suportável. Eu estava na locadora com a Juliana e a Aletéia quando a canção começou a ser tocada no mais alto volume lá fora, na rua.
Quando a música chegou ao final, tivemos uns 4 segundos de calmaria, e aí ela recomeçou, e de novo e de novo. Aletéia decidiu sair para descobrir de onde estava vindo a música. E, barra ou, para dar um fim naquilo, a gente quase começa a sentir pena da pobre menina que vai ter seu radinho destruído pela Aletéia, quase.
A música acabou e começou novamente. A qualquer momento a canção seria bruscamente interrompida, mas esse momento não chegava. Onde se meteu a Aletéia?
Depois de mais alguns longos minutos, ela voltou e disse:
- Ju, vem aqui fora um pouquinho.
As duas saíram e eu fiquei sozinho. Desde quando a Juliana se tornou a parceira da Téia em seus atentados terroristas? Quando as duas finalmente voltaram, eu quis saber o que estava acontecendo, por que a gente ainda estava ouvindo aquela música vez após vez?
- Vai lá fora e resolva o problema você mesmo, disseram.
Virei a esquina e vi um cara, usando apenas uma bermuda, lavando um carro na calçada. Era ele a fonte de todo o barulho.

Uma visão da câmera interna no cérebro do Alessandro:
Deitado no capô do carro, ele despejava a água da mangueira na testa e ela descia pelo seu tórax bem definido molhando a bermuda que, ensopada, grudava em seu corpo enquanto usava a outra mão para espalhar, com a esponja, a espuma pelo seu peito.

De volta ao mundo real.
Quanto tempo fiquei parado, ali no poste, admirando a cena? Eu tinha que voltar pra locadora e dizer alguma coisa.
- Ele... hum... ele prometeu desligar a música assim que acabar de lavar o... o carro.
- Sem pressa, disse Aletéia, e saiu para dar mais uma olhada.
Tive uma ideia, deixei a Juliana sozinha e subi as escadas. Passei pela porta que dá para o terraço e me deparei com uma visão muito mais privilegiada da cena, lá do alto. De repente, a canção não parecia mais ser tão irritante. Até senti a falta dela quando tudo terminou.
Meses depois, Téia pegou o vhs do filme e o colocou na tv. Lá no final, quando a música tema entrou, ela aumentou o volume.
- Lembra daquele cara lavando o carro? ela perguntou pra Juliana. Quero chamar a atenção dele.
Pena, nunca mais o vimos. Mas, até hoje, sempre que ouço a canção em algum lugar (principalmente na rua), basta fechar os olhos e...
Viva Whitney.


2 comentários:

ALESSANDRO SKYWALKER disse...

Boas lembranças envolvendo
MY HEART WILL GO ON?
nenhuma, apenas uma tragédia,
mas ainda amo o filme.

Caio M. disse...

Morri de rir... Ainda mais com a sua imaginação (não nego que imaginaria algo parecido).